quinta-feira, 25 de junho de 2015

Saudades do futuro...

Passam anos, alguns anos, por exemplo, nove anos. Onde estava, o que fazia, o que pensava. Como pensaria que seria daí a nove anos? Provavelmente saí de casa de ganga e t-shirt, tomei um café, vivi o meu dia. Tinha um filho pequeno, estava separada, trabalhava e estudava. Tinha saúde e conduzia. Tudo muda, tudo passa, tudo dói, tudo marca. Os dias que compoem um conjunto qualquer de anos recentes são uma violenta catapulta para a diferença. Ganham-se pessoas, perdem-se, infelizmente, pessoas a mais, nem que fosse só um amigo com que tomámos um café junto ao rio num dia de sol. Todas as pessoas são tão importantes como o carinho que por elas temos. Nós mesmos, mudamos, mais bocado menos bocado. Entristecemos, envelhecemos, o cabelo embranquece, os olhos afundam onde eram brilho. Tudo sobra porque a vida é muita e tudo escasseia porque passa rápido. O que seremos daqui a cinco anos mais? Como borboletas em histórias de ficção, esperamos sobretudo voar ainda, voar sempre.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Verão

Verão como ontem foi o primeiro de muitos dias de praia, embora não possa apanhar sol, sempre há esplanadas, verão. Verão como sem café e sem cigarros se pode estar numa esplanada a ler calmamente, de chapéu para tapar a cicatriz, com a descontração possível de um gesto velho armado em novidade, verão. Verão como o medo passa com o afagar do mar nos meus pés em quase hora de jantar, como o medo passa dos males e da solidão, como a solidão foge pelas ondas dentro, como o mar acompanha os passos retomados com tanta gente em torno e eu sem os ver, sem os ver. Verão como consigo. Verão como em cada dia uma vida, verão como em cada onda um universo, verão como consigo não sei quê que me sabe a conquista, verão como em cada Verão um eu diferente, mais anos, mais e menos sorrisos, os passos mais lentos, mais cuidados, toda a vida é um despedir do mundo, não veem?