Temperados os meus dias com algumas situações pessoais que me fizeram viver durante quatro anos numa realidade quase paralela, acordo para telejornais e twitters de arrepiar de incoerência. Consulto pessoas amigas, lúcidas, conscientes. Apercebo-me da semelhança de todos os regimes em todas as épocas. Da constância de uma maioria inqualificada para ter opinião para além do rebanho. De uma maioria que se rende a uma minoria impositiva, sem ter a preocupação de se questionar, sejam quais forem as suas ideologias políticas, religiosas, sexuais, parentais, académicas... Sim, o futebol continua a ter as costas largas para quem é acusado de se evadir dos problemas reais (o mundo pára, realmente, quando joga o Benfica... e ainda bem) mas as notícias exacerbadas e as lágrimas descomprometidas de qualquer situação que, em minha consciência, julgaria privadas, como se justificam senão como alternativa a uma vida de revistas cor-de-rosa que não parece bem neste momento de suposta crise financeira geral, como manobras de diversão de uma situação política e financeira de gravidade real? Decorre metade desta crise da falta de informação que se revela nas taxas de abstenção das eleições mais recentes? Estará o acto democrático transferido do voto para o grito de rua e do conhecimento para o encolher de ombros?
É muito aborrecido constatar que o mundo é demasiado parado e que as pessoas não evoluem assim tanto. É muito incómodo traçar prioridades e ser justo nos julgamentos das situações. É dificílimo ter bom senso. Ou seja, em quatro anos, pouco ou nada mudou. E em quarenta?