Durante estes dias dormentes e assustadores, pessoas se manifestaram de formas diversas, partilhando os seus dons e a sua afectividade. Deles destaco Brian May, astrofísico e guitarrista dos Queen e Massimo Bottura, chef estrelado da Osteria Franciscana, em Modena, considerados os melhores dos melhores das suas áreas. Com tanta simplicidade nos abriram as suas casas e ensinaram respectivamente como tocar e como cozinhar, diariamente, durante todo o confinamento. Com paciência, com calma, sem superioridades, com a humildade de quem está a passar pelo mesmo receio, pelos mesmos problemas, com a dignidade de quem faz parte daquela parcela da humanidade que nos faz sentir orgulhosos.
A eles, o meu obrigado. Não que tenha tido muito tempo para ver os directos muitas vezes, mas as que vi fizeram-me sentir em casa de amigos. Pessoas generosas em tempos de crise.
Como dois sobrinhos meus que partilharam os seus dotes a tocar piano. Como o meu filho que tocou violoncelo, piano e cantou para a mãe nos dias em que lhe pedi, para além daqueles em que ele sentiu disso necessidade emocional.
A arte, meus amigos, é mesmo um alimento e faz de nós melhores pessoas e melhores humanos. É partilha, é generosidade, é dádiva. Aos artistas que nos ajudaram a sentir melhor durante estes tempos que ainda não acabaram, o meu muito obrigada.