segunda-feira, 4 de maio de 2020

Dificuldades.

É difícil manter rotinas, é difícil ser consistente nas dificuldades, disciplinarmo-nos quando a vida lá fora parece tão impossível de disciplinar, tão imprevisível, mesmo quando se lembra de deixar de ser vida. 
O sono desregrado, levanto-me cedo e começo a rotinar a minha vida possível, organizo trabalho, terei uma aula dentro em pouco, logo terei Tai Chi, o dia passará a correr, estas semanas têm passado a correr, o contacto pouco, só com as pessoas da casa, entregas, lojas de primeira necessidade, pouco mais.
Três projectos de investigação são agora a minha linha de trabalho: um ainda muito de início, outro destinado a publicação e o terceiro de longo termo. Para além disso três seminários que são projectos de conjunto e que continuam, indiferentes às paredes que os contêm. 
Farei anos um pouco mais tarde neste mês de Maria. Confinada, confinados, aguardando a subida de contágios de Maio, não quero que o meu mês seja mais um mês de luto, no dia dos meus anos fará um mês da morte do Brian. Pôr as caras nas estatísticas, humanizar, talvez seja a única forma de consciencializar tudo isto que nos rodeia, tudo o que nos isola e sufoca, por muito privilegiados que sejamos nas condições em que o estamos a passar em Portugal. Alguns disparates à parte, de forma geral tudo tem sido relativamente bem orientado. No total,  poucas vítimas - poucas? - desta pandemia que nos retorna a tempos medievais de isolamento e silêncio. 
Falamos sempre baixo quando não queremos que a vida nos oiça.

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