domingo, 6 de novembro de 2005

Lewis Carroll no País das Maravilhas

Comprei um livro. Gosto particularmente de Lewis Carrol enquanto autor (Alice no País das Maravilhas, Alice do Outro Lado do Espelho, A Caça ao Snark, Sylvie et Bruno), enquanto fotógrafo e enquanto pensador. Rompeu com demasiados standards não da sua época - usamos demais esta frase - mas de sempre, de hoje também. Fotografar crianças captando naturalidade, personalidade, expressões de simpatia, sorrisos, caras sérias, aborrecimento, sensualidade, desleixo, brincadeira, jogo. Não somos seres assexuados. Se é socialmente correcto apresentar as crianças com parâmetros de inocência, como paraísos perdidos, Lewis Carroll desconstrói o paraíso da infância e rasga a cortina atrás da qual temos acesso à crueldade, à antipatia, à personalidade, à inveja, à desconfiança, à sexualidade, ao inconformismo que nos acompanha no crescimento normal, seja qual for a circunstância social em que somos educados. A autora, Stephanie Lovett Stoffel, apresenta uma pequena história - não a considero bem uma biografia, mas mais uma relação do homem com a sua produção intelectual e artística - de Carroll, recheada de belíssimas imagens dos locais, das meninas, das cartas, das ilustrações, do próprio. Editorial Quimera, na colecção Descobrir.

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