Tenho muitos amigos e colegas cegos. Alguns nasceram assim, nunca viram. Outros, cegaram em crianças e têm uma vaga memória de cores, noções de longe, de horizonte, de rostos. Outros ainda cegaram já em adultos. Percursos difíceis, sobretudo no último caso, porque requerem uma adaptação muito radical à forma de abordar o mundo como o conhecemos.
Ninguém é melhor nem pior por ter mais ou menos um sentido. Como em todas as situações, as pessoas valem sempre por si e não pelos seus condicionalismos ou características. De qualquer forma, muito tenho aprendido, sobretudo no que toca a reacções positivas, a coragem, a capacidade de refazer completamente estruturas de vida, sobre generosidade, sobre relativizar o que apelidamos de problemas.
Muito tenho também aprendido sobre formas de comunicação diferentes e sobre formas de conceptualizar o mundo. Normalmente associa-se a cegueira a uma capacidade inata de orientação, de ouvido, de sensibilidade, de paciência. Em muitos casos, sim, desenvolvem-se essas características.
Mas o que mais me tem marcado é a capacidade de lidar com um tempo diferente. A humanidade. A paciência. Tenho tido muita sorte com os amigos que tenho conhecido nos últimos tempos, excelentes pessoas, fantásticos profissionais, trabalhadores incansáveis.
Hoje encontrei um caso de falta de esperança, de muita revolta, que estranhei. Para mim, não ver está associado a alguma dependência, sim, sobretudo pela questão das deslocações menos autónomas, pelos problemas de mobiliário urbano mal colocado, pela espera de ajudas técnicas que muitas vezes se arrastam e pela incompreensão e incredulidade da maior parte das pessoas quanto à competência e possibilidades de um cego estar integrado na vida social, profissional, académica, afectiva, como qualquer outra pessoa.
Estudo este tema actualmente e muito grata estou pela aproximação que todos estes amigos me têm ajudado a fazer a conceitos que me eram desconhecidos. E também pela riqueza que trouxeram à minha vida e à do meu filho, que já vai crescer dentro de uma abertura de espírito pouco comum nas crianças da sua idade.
A constituição portugesa consagra a igualdade, mas os homens só escrevem as leis. O horizonte é mais curto para quem vê, em muitos casos.
Quanto a mim, tudo o que tenho descoberto é uma dimensão diferente de lidar com o que nos é próximo. E amigos, muitos amigos, muitas pessoas generosas e sábias, dispostas a expôr as suas experiências para que quem está longe se aproxime. Talvez o horizonte esteja mesmo na ponta dos nossos dedos e dos nossos corações.
Ninguém é melhor nem pior por ter mais ou menos um sentido. Como em todas as situações, as pessoas valem sempre por si e não pelos seus condicionalismos ou características. De qualquer forma, muito tenho aprendido, sobretudo no que toca a reacções positivas, a coragem, a capacidade de refazer completamente estruturas de vida, sobre generosidade, sobre relativizar o que apelidamos de problemas.
Muito tenho também aprendido sobre formas de comunicação diferentes e sobre formas de conceptualizar o mundo. Normalmente associa-se a cegueira a uma capacidade inata de orientação, de ouvido, de sensibilidade, de paciência. Em muitos casos, sim, desenvolvem-se essas características.
Mas o que mais me tem marcado é a capacidade de lidar com um tempo diferente. A humanidade. A paciência. Tenho tido muita sorte com os amigos que tenho conhecido nos últimos tempos, excelentes pessoas, fantásticos profissionais, trabalhadores incansáveis.
Hoje encontrei um caso de falta de esperança, de muita revolta, que estranhei. Para mim, não ver está associado a alguma dependência, sim, sobretudo pela questão das deslocações menos autónomas, pelos problemas de mobiliário urbano mal colocado, pela espera de ajudas técnicas que muitas vezes se arrastam e pela incompreensão e incredulidade da maior parte das pessoas quanto à competência e possibilidades de um cego estar integrado na vida social, profissional, académica, afectiva, como qualquer outra pessoa.
Estudo este tema actualmente e muito grata estou pela aproximação que todos estes amigos me têm ajudado a fazer a conceitos que me eram desconhecidos. E também pela riqueza que trouxeram à minha vida e à do meu filho, que já vai crescer dentro de uma abertura de espírito pouco comum nas crianças da sua idade.
A constituição portugesa consagra a igualdade, mas os homens só escrevem as leis. O horizonte é mais curto para quem vê, em muitos casos.
Quanto a mim, tudo o que tenho descoberto é uma dimensão diferente de lidar com o que nos é próximo. E amigos, muitos amigos, muitas pessoas generosas e sábias, dispostas a expôr as suas experiências para que quem está longe se aproxime. Talvez o horizonte esteja mesmo na ponta dos nossos dedos e dos nossos corações.
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