"Um título é parte integral de uma história. Porque não? No fim de tudo, a vida não é uma resposta. restam ambiguidades. Resta o espaço para a dúvida." Isaac Asimov, Mensagens do Futuro.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Quem quiser que sinta
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Correr com sentido!
O cancro é uma doença que ainda ceifa muitas vidas, sem escolher idade, sem escolher momento ou situação. Com possibilidades de ser prevenido nalguns casos, existindo mesmo já vacina para um cancro de origem viral (colo do útero), continua infelizmente a ser um inimigo a combater, um desafio de informação e prevenção, muito e sobretudo de investigação para a medicina.
Perdi o meu avô e avó paternos com cancro. Perdi a minha melhor amiga com cancro. Perdi a mãe de um grande amigo com cancro. Perdi a filha de uma colega e amiga com cancro. E recentemente, o irmão da minha mãe. Tenho o pai de um grande amigo em fase terminal. Parece um percurso que nos acompanha, escuro e doloroso. Façamos dele um caminho de coragem, de homenagem a quem com um sorriso se prestou a estudos e tratamentos para ajudar situações similares, a quem combate pela informação e pelo estudo esta doença que tem a morte agarrada. Façamos um caminho a correr, por uma vez, com um sentido e com um sorriso de esperança.
Porque é na esperança que se constrói vida.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Anima
Penso em palavras que me foram escritas, ditas e abraçadas nos últimos tempos. Sinto que não venho aqui há anos e me perdi nalguma nebulosa onde deixei pessoas queridas, onde estive em risco de perder outras, como num pesadelo de crianças em que os medos são edipianos e tudo assusta como uma trovoada de noite com chuva e barulho e visão turva, quem sabe se as trovoadas partem dos corações e há direito a uma por desgosto.
Perdi alguém, sim, próximo, vivi vidas entre um post e outro, perdi o controle e o ânimo em trabalho e deveres outros acumulados e nem um bocadinho para escrever, nem um bocadinho para respirar e comunicar, como um sufoco de sentimentos que me atasse gritos interiores, vontade de vir, falta de alma para dizer o quê, post em branco este, post em branco, quem souber ler que leia, a falta que me fazem estas letras como pássaros que libertam sorrisos e fazem aparecer, daqui a pouco, o sol que aquece.
O que faz falta é o ânimo de se pensar que é tudo mentira e daqui a pouco todos os que desaparecem das nossas vidas regressam e trazem nas suas mãos os outros que foram antes e os caminhos de nós são feitos em conjunto e nunca mais em separado, temos tão pouco tempo e vamos perdendo pessoas como migalhas, não quero ser a Maria da história, não quero pássaros a comerem o rasto da minha vida, não quero perder mais ninguém, quero todos pequeninos e a sorrir, quero tempo de gargalhadas, quero as crianças todas a nascer de novo e os adultos todos mais crescidos que eu.
No meio termo está a segurança de se olhar para dentro e poder não ter medo desta instabilidade. Porém, o meio termo não existe, como a linha ténue a que chamamos presente. Onde está a nossa alma?
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Flowers
"Tudo é fácil quando se está brincando com a flor entre os dedos
quando se olham nos olhos as crianças,
quando se visita no leito o amor convalescente.
É bom ser flor, criança, ou ser doente.
Tudo são terras donde brotam esperanças,
pétalas, tranças,
a porta do hospital aberta à nossa frente.
Desde que nasci que todos me enganam,
em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel
com fogos de artifício e fatias de pão besuntadas com mel
E o mais grave é que não me enganam com erros nem com falsidades
mas com profundas, autênticas verdades.
E é tudo tão simples quando se rola a flor entre entre os dedos
Os estadistas não sabem,
mas nós, os das flores,
para quem os caminhos do sonho não guardam segredos,
sabemos isso e todas as coisas mais que nos livros não cabem"