terça-feira, 12 de maio de 2015




Acaba um ano e começa outro por voltas da meia-noite de hoje. Apetece-me o campo e os seus cheiros de primavera intensa. Apetecem-me colos que já não tenho. Tenho que rever um texto e não me apetece trabalhar, nem a mim nem a certas bases de dados que estão em baixo porque talvez eu as tenha contagiado, com o calor, o sol nos olhos da manhã, o entardecer dos meus 48 anos hoje com o real entardecer que começa agora, o meu cansaço de 48 anos a procurar sempre as mesmas belezas e os mesmos sorrisos e faltarem porque a vida não é como se quer. Que fiz eu em 48 anos? Que não terei feito? Que me faltará fazer? Estou demasiado consciente a escrever, escrevo melhor cansada, do esgotamento para as palavras. O calor é assim, fora de tempo, como tantas coisas que nos cercam. Não é fácil saltar o muro, não é fácil desistir de bocados à medida que a idade que vamos fazendo dói porque nos vamos ou nos vão consciencializando disso. Talvez doa realmente fazer anos porque temos que assumir aquele ar introspectivo enquanto olhamos as velas queimadas pelo esfumado do olhar (já) longo e pensamos que na estrada ficou tanto e talvez ainda (um talvez inseguro) tanto caminho a percorrer sem saber porquê ou como. Um cansaço. Sempre na memória "o tempo em que festejavam o dia dos meus anos eu era feliz e ninguém estava morto". Pois é.

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