Passam anos, alguns anos, por exemplo, nove anos. Onde estava, o que fazia, o que pensava. Como pensaria que seria daí a nove anos? Provavelmente saí de casa de ganga e t-shirt, tomei um café, vivi o meu dia. Tinha um filho pequeno, estava separada, trabalhava e estudava. Tinha saúde e conduzia. Tudo muda, tudo passa, tudo dói, tudo marca. Os dias que compoem um conjunto qualquer de anos recentes são uma violenta catapulta para a diferença. Ganham-se pessoas, perdem-se, infelizmente, pessoas a mais, nem que fosse só um amigo com que tomámos um café junto ao rio num dia de sol. Todas as pessoas são tão importantes como o carinho que por elas temos. Nós mesmos, mudamos, mais bocado menos bocado. Entristecemos, envelhecemos, o cabelo embranquece, os olhos afundam onde eram brilho. Tudo sobra porque a vida é muita e tudo escasseia porque passa rápido. O que seremos daqui a cinco anos mais? Como borboletas em histórias de ficção, esperamos sobretudo voar ainda, voar sempre.
Sem comentários:
Enviar um comentário