"Citizen Kane", se bem se recordam, foi um notável filme de Orson Wells, em que se assumiu a filosofia da simplicidade. "O Mundo a Seus Pés", na tradução, trata da história pessoal e profissional de um americano, terminando no fecho de um ciclo de carência de identidade e infância. Rosebud, o seu trenó, o seu único brinquedo de um início de vida atribulado e pobre, passou a simbologia do sonho, do revivalismo, da afectividade, contrariando os valores vivenciados na longa metragem pelo magnata, de poder, de prepotência, de ambição desmedida.
Cidadãos do Mundo, únicos, todos nós. Todos tivémos um início mais ou menos afectivo, mais ou menos fácil, com ou sem carências, com ou sem dificuldades pessoais. Na nossa primeira infância reside o segredo da nossa estrutura psicológica, muitas vezes da nossa força.
Trabalho e contacto diariamente com cidadãos de pleno direito, esses sim com o mundo a seus pés, não por prepotência ou ambição, mas por esforço e dignidade. Um dos temas recorrentes que pretendo expôr aqui é a premência da união entre homens nascidos em circunstâncias várias. Porque não somos iguais. Porque somos realmente diferentes e aí reside a nossa individualidade. Só que quando as diferenças são demasiado marcantes e as dificuldades de fluir pela vida, pelo crescimento, pela escolaridade, pela vida pessoal, profissional, ultrapassam as tradicionais, os homens tornam-se incómodos. A diferença não tem uma medida mas todos nos esquecemos disso.
Daí que pense, pessoalmente, que a ambição de ter o mundo a nossos pés, se equilibrada com a afecividade dos nossos trenós de criança, é legítima, e para me permitir fazer esta leitura de um argumento tão comentado apenas posso ambicionar ter tanto equilíbrio e tanta sensatez nos meus julgamentos como os de pessoas que ultrapassaram o tal nível de diferenças socialmente aceitável.
Essas diferenças sentem-se nos comportamentos irreverentes e marcantes. Em movimentos artísticos ou políticos extremos. Em situações de confronto com um eu que podíamos ser e não fomos ou não desejamos ser. E aqui estou a falar de deficiência e direitos humanos.
Homens e Mulheres não são iguais. Uma pessoa que vê utiliza recursos sensoriais diferentes de uma pessoa que não vê. Uma pessoa que não ouve ou uma pessoa com mobilidade reduzida ou com compromisso oral ou cognitivo tem necessariamente que disponibilizar e exercitar recursos do seu organismo que lhe impoem muitas vezes um ritmo de vida diverso.
Incomodar pela diferença? Ser ignorado pela diferença? Conheço pessoas que sentem na pele estes estigmas, diariamente. Legislação existe para abreviar separações sociais a todos os níveis. Mas a verdade é que as nossas escolas continuam a recusar crianças cegas, deficientes motoras, portadoras de trissomia 21. Criticamos os exageros do nazismo e as práticas que ao longo da história marcaram o tratamento especial dado a pessoas com necessidades, não especiais, porque especiais somos todos, mas diferentes da maior rodela do queijo das estatísticas. Mas continuamos a pactuar com os princípios.
Nas escolas, nos empregos, na vida familiar e emocional de cada um de nós, empenhemo-nos em ir ao encontro da diferença marcada em nós próprios. Não nos isolemos num castelo de contos de fadas, em que tudo é standard, fazendo alegremente parte de uma aldeia global que descaracteriza o ser humano e a civilização ocidental actual. Sejamos realmente humanos, indo ao encontro das nossas carências, das nossas dificuldades, das nossas necessidades especiais, assumindo as nossas forças e as nossas fraquezas, o nosso estatuto pessoal e único. Só assim aprenderemos a respeitar o nosso próximo, sejam quais forem as suas características, capacidades, gostos, ideologias. Só assim sairemos de egoístas torres de marfim e nos aproximaremos da pureza dos sonhos de infância, em que a afectividade é um valor que se bebe e se respira, em que reencontramos os nosso trenós, aqueles que nos arrastam encosta acima, pela neve branca, ao encontro dos nossos amigos, cidadãos do mundo.
Cidadãos do Mundo, únicos, todos nós. Todos tivémos um início mais ou menos afectivo, mais ou menos fácil, com ou sem carências, com ou sem dificuldades pessoais. Na nossa primeira infância reside o segredo da nossa estrutura psicológica, muitas vezes da nossa força.
Trabalho e contacto diariamente com cidadãos de pleno direito, esses sim com o mundo a seus pés, não por prepotência ou ambição, mas por esforço e dignidade. Um dos temas recorrentes que pretendo expôr aqui é a premência da união entre homens nascidos em circunstâncias várias. Porque não somos iguais. Porque somos realmente diferentes e aí reside a nossa individualidade. Só que quando as diferenças são demasiado marcantes e as dificuldades de fluir pela vida, pelo crescimento, pela escolaridade, pela vida pessoal, profissional, ultrapassam as tradicionais, os homens tornam-se incómodos. A diferença não tem uma medida mas todos nos esquecemos disso.
Daí que pense, pessoalmente, que a ambição de ter o mundo a nossos pés, se equilibrada com a afecividade dos nossos trenós de criança, é legítima, e para me permitir fazer esta leitura de um argumento tão comentado apenas posso ambicionar ter tanto equilíbrio e tanta sensatez nos meus julgamentos como os de pessoas que ultrapassaram o tal nível de diferenças socialmente aceitável.
Essas diferenças sentem-se nos comportamentos irreverentes e marcantes. Em movimentos artísticos ou políticos extremos. Em situações de confronto com um eu que podíamos ser e não fomos ou não desejamos ser. E aqui estou a falar de deficiência e direitos humanos.
Homens e Mulheres não são iguais. Uma pessoa que vê utiliza recursos sensoriais diferentes de uma pessoa que não vê. Uma pessoa que não ouve ou uma pessoa com mobilidade reduzida ou com compromisso oral ou cognitivo tem necessariamente que disponibilizar e exercitar recursos do seu organismo que lhe impoem muitas vezes um ritmo de vida diverso.
Incomodar pela diferença? Ser ignorado pela diferença? Conheço pessoas que sentem na pele estes estigmas, diariamente. Legislação existe para abreviar separações sociais a todos os níveis. Mas a verdade é que as nossas escolas continuam a recusar crianças cegas, deficientes motoras, portadoras de trissomia 21. Criticamos os exageros do nazismo e as práticas que ao longo da história marcaram o tratamento especial dado a pessoas com necessidades, não especiais, porque especiais somos todos, mas diferentes da maior rodela do queijo das estatísticas. Mas continuamos a pactuar com os princípios.
Nas escolas, nos empregos, na vida familiar e emocional de cada um de nós, empenhemo-nos em ir ao encontro da diferença marcada em nós próprios. Não nos isolemos num castelo de contos de fadas, em que tudo é standard, fazendo alegremente parte de uma aldeia global que descaracteriza o ser humano e a civilização ocidental actual. Sejamos realmente humanos, indo ao encontro das nossas carências, das nossas dificuldades, das nossas necessidades especiais, assumindo as nossas forças e as nossas fraquezas, o nosso estatuto pessoal e único. Só assim aprenderemos a respeitar o nosso próximo, sejam quais forem as suas características, capacidades, gostos, ideologias. Só assim sairemos de egoístas torres de marfim e nos aproximaremos da pureza dos sonhos de infância, em que a afectividade é um valor que se bebe e se respira, em que reencontramos os nosso trenós, aqueles que nos arrastam encosta acima, pela neve branca, ao encontro dos nossos amigos, cidadãos do mundo.
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