sábado, 19 de abril de 2008

Prender


Comecei um post, depois de pensar em vários, divago demais, pesam-me os últimos dias, embora esta tarde morna a ameaçar arco-íris me console. O dia meio doce e meio amargo, vontade de abraçar quem não está, vontade de me despreocupar de mim. O jantar cá em casa é frango, refeição que estica em canja e arroz acrescentado para mais cinco, e vou ser aparentemente arrastada para a Cinemateca, Betty Boop ainda a seduzir. É uma tarde que tarda em palavras e se as não escrevo escapam-se-me, melhor fixá-las. Sorrio com Calvin e penso nos caminhos kafkianos da minha semana, nesta liberdade falsa de não ter que fazer, na explicação de francês, na estrutura do curso, na arrumação de um armário, nas notícias que tardo receber, no carro que virou a matrícula e é o mesmo, na identidade do bilhete, neste bilhete que escrevo por aqui para me lembrar que sou, sem me perder numa gaveta ou numa rotunda, vou ao cinema depois de jantar, esperam por mim, tomarei café numa esplanada com chuva, dormirei a sonhar com bonecos que dançam, dançarei até segunda-feira, criançarei pela semana fora, melhor deixarmo-nos levar pelas coisas e pelas palavras, como folhas, como se líquidos, como se a vida nos escorresse de uma alma que ainda não conhecemos e esperar num cantinho de nós que soltem o arco-íris e nos deixem, de um suspiro só, ser felizes.

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