quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Queria

A minha mãe a embalar-me e a contar-me a história do Touro Azul. Também que as pessoas fossem mais simples e não um bando de crescidos revoltados ou acomodados. Queria que se acreditasse de novo em magia, porque a magia é precisa. Queria que com cada Magalhães (por sinal, um bom projecto e eu não sou suspeita a dizer isto, poderei escrever sobre isto em horas mais lúcidas) as crianças recebessem uma senha com direito a um colo e uma história da noite em casa e uma professora que lhes cortasse o bifinho na escola enquanto sorri. Queria, por uma vez, um Ministro ou Ministra da Educação que sorrisse com as crianças ou quando fala ou pensa ou trabalha para elas. Queria ter a capacidade simples de chorar quando esfolo um joelho ou me partem um brinquedo ou a bola ficando a dormir num telhado alto e ninguém para a ir buscar. Queria nunca mais ver adultos que se humilhassem e em vez de aprenderem a conversar e a debater as questões que interessam a todos, desconversassem e se agredissem como vi hoje. Não é com ironias que se dá saúde ao pulsar da humanidade.

Queria um abraço quando penso, como a Mafalda, que o mundo está doente e as pessoas mais doentes ainda por dormirem a bom sono em vez de pensar como o podem melhorar. Talvez, quem sabe, com uma história do Touro Azul e um beijinho. Como a minha mãe, que sempre resolveu os problemas do mundo que se lhe foram deparando em vez de agonizar em discussões estéreis sobre os problemas etéreos.

Mas amanhã, talvez, pode ser que o mundo esteja melhorzinho. Talvez que hoje apenas uma virose no Magalhães, coitado. Falta de controle parental, dizem. Embora me soe a falta de magia, apenas. Os sentimentos e os sonhos não se controlam.

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