domingo, 24 de maio de 2009

Os nossos amigos e o tempo do hoje

Hoje tive tempo, hoje tomei o café da manhã com uma grande amiga. Programo agora a minha semana e, enquanto o tempo descansa - também o tempo descansa ao fim-de-semana - aproveito para o ludibriar e contornar, estabelecendo rotinas libertárias que me conduzirão a casa de amigos que me têm sido roubados pelo tempo de investigação e aulas e projectos. Não nos devemos deixar escravizar por nós mesmos.

Dado que os amigos são uma componente importantíssima, fundamental, da nossa identidade, e que a minha identidade é a das pessoas reais, não ficcionadas, diversas, de sorrisos diferentes e escrita múltipla, de diversos tons e projecção de voz, algumas sem voz audível, algumas com ouvido muito para lá da voz que quero dar a entender como alegre ou imune às tristezas, essa dimensão que tentamos desesperadamente esconder de quem amamos, será uma semana particularmente doce e invasiva, em que os amigos, como o melhor espelho de mim, me devolverão certamente o sorriso empenhado às rotinas impostas, nunca às escolhidas.

Penso no facebook e na preversidade das suas teias, das pessoas que têm amigos por castas ou ideologias, das pessoas que cultivam um dado conceito de amigo, o amigo igual a nós, o amigo seguro, o amigo que não nos questiona. Penso nas suas rotinas cinzentas e no seu convívio social semelhante a um soporífero forte, que não lhes permite sair de si, completar-se, voltar a si.

A nossa vida é um processo de auto-conhecimento. Onde ficaremos, quem seremos, se não nos confrontarmos com o exterior de nós, com os nossos limites? O tempo do hoje é o tempo do diferente que nos faz progredir e reencontrar. O tempo do hoje é o tempo da diversidade necessária, urgente, democrática, humana, fundamental.

2 comentários:

  1. cada um / uma faz como lhe parece melhor, mesmo que a nós nos pareça pior.

    para além do bem e do m'al talvez estejamos melhor e a água da praia esteja mais quente.

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  2. Esqueço-me sempre dessa componente fundamental que é a disponibilidade para o erro (nosso e dos outros). Mesmo para considerar que o erro não existe. É difícil aceitar um conceito que tem tanta pontaria... Mas lá que a tal praia deva ser mais simpática, ah, pois deve!

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