Estamos mais do que nunca em linha. Falamos por telefone, por whatsapp, por messenger. Trabalhamos com o Zoom ou outras plataformas. No youtube assistimos a concertos ou peças de teatro. Reactivamos os nossos antigos blogs. Falamos por Skype.
Estou em casa há 22 dias. Não abraço os meus irmãos nem os meus sobrinhos nem os meus amigos há 22 dias. Ontem fiz uma aula de Tai Chi online. Vai passar a ser regular, é bom porque não perdemos a prática e exercitamos o corpo dormente de estar sentado ou de andar pequenas distâncias, mesmo que se faça alguma ginástica básica ou se ande um pouco de bicicleta.
É com sofreguidão que adoptamos estas sugestões, que nos atiramos de cabeça, como se nos convidassem para fazer paraquedismo. É uma aventura nova dentro das paredes de casa e quase - quase - nos esquecemos de onde estamos.
Começo o dia por programar e orientar o que vai ser o almoço, a refeição em que falamos mais enquanto ouvimos os relatórios do dia sobre a pandemia. Antes e depois trabalhamos nos nossos computadores. O facto de sermos três adultos numa casa facilita porque avisamos se vamos ter video-chamadas de trabalho para não haver barulho.
Há uma varanda com sol. Mesmo lá, o telemóvel leva a tal linha e, a olhar para o mar cada dia mais distante, falo com os meus amigos e familiares, consulto o twitter, respondo a emails. Ou desligo tudo e leio. Mas não é fácil porque o som das mensagens a entrar pelas páginas adentro e nós a ceder. É bom e um grande privilégio poder estar em linha. Mas é exigente emocionalmente.