De uma ou outra forma, a estatística chega perto de nós. Depois de dois sustos próximos, estou muito preocupada com um amigo dos Estados Unidos que está em cuidados intensivos e ventilado desde ontem ao final do dia. Ler relatórios, ouvir estatísticas, ouvir conferências de imprensa, ver um telejornal por dia... Mesmo a desgraça se torna rotina até nos bater à porta e acordar. Os Estados Unidos estão com uma política absurda e criminosa em relação aos cuidados que o seu povo merece numa situação como esta. Sem sistema de saúde alargado, mais deveriam ser os cuidados com quem não tem possibilidades de pagar testes ou assistência. Há uma moral e uma ética que passam os livros de Filosofia e deviam - deviam - ser aplicadas, sobretudo por quem tem mais responsabilidade, sobretudo pelos governantes, porque é neles, que, bem ou mal, as crises se centralizam.
Felizmente o meu amigo tem possibilidades, seguro, assistência, apoio. Felizmente no hospital em que está a ser assistido havia ventilador disponível. Felizmente, felizmente. Mas como será a sua luta contra este vírus assassino? Ainda ontem, já no hospital, recebi dele a mensagem para ter cuidado que nunca se tinha sentido tão mal na vida. Dores, falta de ar até ao insuportável. É um homem relativamente novo, saudável tanto quanto eu saiba. Cego.
Ontem adormeci tardíssimo a trocar mensagens de Singapura para Londres para Paris para Taiwan para Lisboa. Todos os do nosso grupo de investigação assustadíssimos e preocupadíssimos com ele. O mundo a abraçar-se de longe para tocar na esperança das suas melhoras. Ávidos de esperança.
Assim estamos, assim está o mundo. À espera de um milagre bom.
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