Bolacha de natal em quadro de Munch O Grito
Como os tempos que culturalmente se promoveram a tempos de espera, por muito azul que surja o céu, não se dorme, aguarda-se. Os gritos ecoam dentro de nós, porque nos forçaremos a fazer pontos de situação em dias determinados e não nos dias em que os devíamos fazer? Porque gritaremos sem querer e sem jeito e não suportaremos os gritos alheios - quem sabe bem mais fortes? Porque nos sentiremos bonecos numa dimensão de terror, obrigados a sorrir, obrigados a ser bons, obrigados a corresponder, miúdos de novo, os presentes com fitas sob uma árvore qualquer que almejamos e nós imóveis para não estragar nada nem mesmo nos despentearmos para a foto de família. Dias em que não queremos ser nós a estragar nada. Por isso gritamos tão baixinho e tão salgado que só somos ouvidos por quem também gostaria de ser e de dar, naturalmente, e diariamente, a felicidade que nos prometem por dois dias.
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