A gosto se gerem dias quentes de vento e areia que prende nos cabelos. Não é Julho nem Setembro, é o irmão do meio que se chega a nós, depois de uma súbita hipótese de repouso e um tardio retomar de actividade. Todos os direitos e todos os cansaços, nenhuma legitimidade para queixas, todas as corridas sem trânsito parado, onde está o tempo que tanto engana neste estranho mês em que tudo está em espelho nas ondas rasas da madrugada?
Desconhecemos os cafés que fecham e as cadeiras que se encostam à grande cidade que repousa em silêncio de buzinas mudas e folhas de cadernos misturadas com pó de saudade e histórias que não foram, Agosto não é estação, é mês e dos grandes, onde tudo cabe, o que já foi e o que será - como Artur embarcando para Avalon ou Corto na sua Veneza redescoberta - quem parte consegue esquecer onde se situa, quem fica não está em lado nenhum. Nenhum.
Tempo para não mais retomar a necessidade de correr para nenhures, fazendo tudo o que é, em absoluto, dispensável. Devemos a nós mesmo a franca desonestidade de, em Agosto, nos retomarmos. Sem parar nada. Sem medo de planos. Sem medo de regras. Sem medo de nós.
Cidades perdidas com meninos inclinados, insustentável abandono do nada que nos é insuportável e cair nos braços da urbe e do seu estremecer de cria no parto para saber que queremos que nos façam voltar.
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