Fala-se demais no conceito de verdade. Luta-se pela excelência como se em tudo tivéssemos que ser excelentes. Como se todos os livros das bancas tivessem que ter o mesmo carimbo de qualidade, não havendo espaço para a liberdade de escrever mal. Quando fiz o post das fadas reparei que a opinião dos que têm a paciência de me comentar se dividia: a relação com alguns trabalhos de Paula Rego é de amor/ódio. Não de indiferença. Porque apesar de tudo há uma cotação internacional que pesa no cuidado com que a criticamos.
A verdade é que nunca sabemos dizer a verdade, verdadinha, aquela que pensamos no momento, aquela que fere mas é totalmente aproveitável para nosso conhecimento pelos outros. A verdade é que somos condicionados pela necessidade de ter cuidado com os sentimentos alheios (o que serão os sentimentos alheios se nem os nossos conseguimos avaliar?). A verdade, bem verdadeira, é que, como Papagueno ou S. Pedro, mentimos para defender os nossos redutos íntimos de pensamento ou a nossa consciência social. Uma, duas, três vezes, fechados a cadeado ou com a consciência a doer, quando aprenderemos a ouvir os outros?
A verdade é a terrível consequência de não sabermos dizer verdades simples e armarmos em psicólogos, médicos, orientadores matrimoniais, padres, videntes, toda a casta de sabedorias alternativas que por desgaste vão convencendo o pessoal da felicidade que os espera.
Com ela nos cegam e nos impedem de lutar como devemos. Com a verdade. A que sangra, a que dói, a do peito. A que traz consequências. A que vale a pena.
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