Quando era menina e me aborrecia durante as tardes demasiado doces, perdida na ternura de me sentir crescer sem saber, encontrei um livro que pertencia a minha irmã e se chamava "Qual é a cor do amor?". Era um livro daqueles que os namorados oferecem quando qualquer sorriso é a vida e se desespera pelo sorriso seguinte. Por isso mesmo não o devia ter lido, não fora eu menina traquinas e buscadora de palavras em tardes aborrecentes, como Alice. Aquele livro tinha bonecos que pertenciam a uma felicidade que eu ainda não descobrira e achei o enredo pobre e confuso, as perguntas patéticas. Escrevi, doutoral, a minha resposta na última página: "Azul".
Minha irmã zangou-se por eu ter escrito no livro, por o livro ser seu, por eu não entender nada. Minha irmã perdoou-me porque eu chorei, mais por não perceber esse amor que eu não sabia ainda que por ter escrito uma coisa muito séria num livro demasiado infantil para a minha pequenez.
As irmãs mais velhas são assim. Doces e perdoativas, tolerantes e sábias. Sobretudo em tardes de abraços, trinta anos mais tarde, quando continuamos a ser diferentes, eu continuo a escrever nos livros, a ter a certeza que o amor é azul da cor do céu e ela a compreender-me.
Minha irmã zangou-se por eu ter escrito no livro, por o livro ser seu, por eu não entender nada. Minha irmã perdoou-me porque eu chorei, mais por não perceber esse amor que eu não sabia ainda que por ter escrito uma coisa muito séria num livro demasiado infantil para a minha pequenez.
As irmãs mais velhas são assim. Doces e perdoativas, tolerantes e sábias. Sobretudo em tardes de abraços, trinta anos mais tarde, quando continuamos a ser diferentes, eu continuo a escrever nos livros, a ter a certeza que o amor é azul da cor do céu e ela a compreender-me.
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