Os dias são o que são. Este, para o melhor e para o pior, já é um feriado que significa dados adquiridos para a maior parte das crianças. Devem ter decorrido celebrações pelo país, mas estou a trabalhar e não dei por elas. Lembro-me e sinto de perto as mudanças que ocorreram de 1974 para cá, no entanto tento não aderir a discursos arrogantes nem a certezas absolutas, até porque absolutos são os ditadores e parece que foi disso que andámos a fugir.
Os dias são o que são. Em 2009 é dia de mandar os miúdos ir buscar uma pizza enquanto acabo de trabalhar. Considerando que comecei às 7:30 da manhã, já devo ter cumprido a minha obrigação.
Vejam bem, que de 74 para 09 o tempo passou tanto que tive dois filhos e moro numa casa mais pequena, com mais outras tantas por baixo e por cima, num terreiro onde os espaços cultivados vão sendo derrubados para construir hipermercados em que as pessoas compram telefones e computadores como eu não comprava pastilhas em miúda.
Vejam bem, que a censura sempre esteve presente e sempre continuará a estar, apenas tomando outras formas. Que os políticos continuam a não dar contas ao povo. Que ainda temos portugueses em guerras estranhas. Que as mulheres e os homens não são tratados de igual forma no trabalho. Que as pessoas diferentes são mais estranhadas que entranhadas socialmente. Que há privilegiados.
Vejam bem, que a malta ainda sonha em mudar o mundo, enquanto aterra devagarinho na idade dos conformismos, faz mais ioga e menos futebol, manda calar os filhos e se lamenta que "já não há respeito".
Vejam bem, que a única coisa diferente somos nós, em tantos anos, em tantos anos...
Vejam bem...
Os dias são o que são. Em 2009 é dia de mandar os miúdos ir buscar uma pizza enquanto acabo de trabalhar. Considerando que comecei às 7:30 da manhã, já devo ter cumprido a minha obrigação.
Vejam bem, que de 74 para 09 o tempo passou tanto que tive dois filhos e moro numa casa mais pequena, com mais outras tantas por baixo e por cima, num terreiro onde os espaços cultivados vão sendo derrubados para construir hipermercados em que as pessoas compram telefones e computadores como eu não comprava pastilhas em miúda.
Vejam bem, que a censura sempre esteve presente e sempre continuará a estar, apenas tomando outras formas. Que os políticos continuam a não dar contas ao povo. Que ainda temos portugueses em guerras estranhas. Que as mulheres e os homens não são tratados de igual forma no trabalho. Que as pessoas diferentes são mais estranhadas que entranhadas socialmente. Que há privilegiados.
Vejam bem, que a malta ainda sonha em mudar o mundo, enquanto aterra devagarinho na idade dos conformismos, faz mais ioga e menos futebol, manda calar os filhos e se lamenta que "já não há respeito".
Vejam bem, que a única coisa diferente somos nós, em tantos anos, em tantos anos...
Vejam bem...
"que a censura sempre esteve presente e sempre continuará a estar, apenas tomando outras formas"
ResponderEliminarE a única coisa diferente somos nós.
Gostei bastante deste teu texto Maria.Simples, sem moralismos e acerta no alvo com uma facilidade impressionante.
Beijinhos
Gracias, Alien, o alvo escapa à nossa frente, mas nós vamos correndo, né?
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