terça-feira, 3 de janeiro de 2006

In memoriam







Dia 4 de Janeiro de 2006: 197º aniversário do nascimento de Louis Braille.

Louis Braille nasceu em Coupvray, no dia 4 de Janeiro de 1809. Aos três anos, quando brincava na oficina de trabalho do pai, ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela, aproximou-a do rosto, acabando por ferir o olho esquerdo. A infecção produzida pelo acidente expandiu-se e atingiu o outro olho, provocando a cegueira. Com o apoio dos pais, Louis criou hábitos de mobilidade e comunicação invulgares. Aos sete anos ingressou na instituição de Valentin Haüy que, em 1784, fundara em Paris uma escola para instruir os cegos. Haüy, apologista das filosofias sensistas, adaptara o alfabeto vulgar, traçado em relevo, a fim de que as letras fossem perceptíveis. Na mesma época, Charles Barbier de la Serre, um capitão de artilharia, aperfeiçoava um código através de pontos, legível ao tacto, usado para mensagens militares e diplomáticas, a que chamou "escrita nocturna" ou "sonografia". Teresa von Paradise, concertista cega, idealizara também um engenhoso aparelho para ler e compor ao piano. Braille tornou-se professor do Instituto Haüy, bem como organista e violoncelista. Numa conversa de salão, conheceu Alphonse Thibaud, então conselheiro comercial do governo francês, que lhe sugeriu o desenvolvimento de um sistema que permitisse a escrita e não só a leitura, aos cegos. Foi então que começou a trabalhar no código de Barbier. Após três anos, o jovem estudioso conseguiu o que queria: o sistema dos pontos em relevo representando letras. A ponta de uma sovela, o mesmo instrumento que lhe tirara a visão, passara a ser o seu instrumento de trabalho. Em 1825, o código Braille estava pronto e a primeira publicação é datada de 1829, "Processo para escrever as palavras, a música e o canto-chão, por meio de pontos, para uso dos cegos e dispostos para eles". A sua divulgação foi morosa, considerando o enorme investimento que representaria a substituição de todos os materiais didáticos anteriores. Braille ensinava alunos individualmente, sem apoio. O máximo que conseguiu foi um ofício, no qual o governo francês agradecia a sua contribuição à Ciência. Entre os seus alunos de música estava Teresa von Kleinert. O seu talento ao piano era extraordinário, o que animou Braille a ensinar-lhe o seu sistema de pontinhos. Em pouco tempo, Teresa tornou-se concertista de sucesso. Recebida com agrado nos salões da Europa, Teresa difundia, a cada apresentação, o sistema Braille e pela primeira vez os jornais falavam no seu nome, até então desconhecido. A 6 de Janeiro de 1852 Braille morreu, sem chegar a ver reconhecido o seu trabalho. Só dois anos após a sua morte o sistema foi reconhecido oficialmente na França, depois de Teresa se exibir na Exposição Internacional de Paris.

A ACAPO comemora o Dia Mundial do Braille, 4 de Janeiro, com uma conferência no Hotel Meridien, Sala Coimbra A, às 15 horas, a proferir pelo Prof. Dr. Augusto Deodato Guerreiro, Chefe do Gabinete de Referência Cultural da Câmara Municipal de Lisboa, subordinada ao tema "Luís Braille e a Ampliação do Paradigma Sócio-Cultural".

A TVI transmitirá no Jornal da Uma, uma reportagem sobre o Braille e as novas tecnologias, realizada no Centro de Engenaria de Reabilitação e Tecnologias de Informação da Universidade de Trás-os-Montes, um dos pólos de desenvolvimento mais eficientes do nosso país em tecnologias adaptativas, sob a égide do Eng. Francisco Godinho.

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