domingo, 2 de abril de 2006

O mar e um soneto


"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente. "


Soneto de Vinicius de Moraes (1913-1980) , fotografia de Henry Robinson (1830-1901).

Ambos admiro, fez-me sentido a união. A beleza não precisa de grandes explicações.

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