"Um título é parte integral de uma história. Porque não? No fim de tudo, a vida não é uma resposta. restam ambiguidades. Resta o espaço para a dúvida." Isaac Asimov, Mensagens do Futuro.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
Com certeza
Confusa, cansada, baralhada - seremos todos assim? - aprendizes de feiticeiros, cheios de certezas, o que nos ensinam são factos e regras absurdas, perdemos anos e juízo à medida que crescemos, armamos em idealistas e intervencionistas e quando olhamos o espelho de dentro dos olhos temos o rio mas também o medo de mergulhar. Sábio Watterson, pela voz de Calvin, qual linha recta, qual tempo, qual espaço. Certeza de quê? Que de nada temos nunca a certeza. Apenas de uma linha ténue de presente, o que nos deixa com a certeza que esta noite estarão monstros debaixo da cama ou fantasmas prontos a saírem do armário. Tempos agitados, sem ordem nem direcção, mesmo para quem acredita na História enquanto ciência e percebe que afinal deve ser uma arte, a de acreditar no que foi e no que poderá vir a ser. Tempo de voltar a ser inocentes e crer que em nada devemos crer a não ser na novidade. Tempo de voltar a ter um brilhozinho nos olhos. Com certeza.
domingo, 28 de janeiro de 2007
Jordy Savall
"CHRISTOPHORUS COLUMBUS - PARAÍSOS PERDIDOS
7 de Fevereiro de 2007 21h00 Grande Auditório
Jordi Savall - Infatigável explorador de repertórios, mestre de toda uma geração de violistas – ensina, desde 1973, na Schola Cantorum de Basileia – intérprete de técnica irrepreensível, director de orquestra e de coro, Jordi Savall abre as portas, e dá a ouvir, há várias dezenas de anos, obras que nunca teriam esperado sobreviver ao seu século. A ele se deve o reaparecimento da viola da gamba, desaparecida no séc. XVIII, na sequência da sua presença no filme Tous les matins du monde (1991). Se o filme de Alain Corneau e o sucesso sem precedentes que a banda original de que ele é o principal responsável são os aspectos mais mediáticos da sua acção, a verdade é que vêm na continuidade de uma vida inteira dedicada à descoberta de novos horizontes para as músicas antigas e barrocas, nomeadamente de origem ibérica. Criando um estilo que lhe é próprio, resolutamente emancipado de toda a tradição que não tenha as suas raízes directas na origem, este catalão, nascido em 1941 em Igualda, fornece matéria para investigações que agora se estendem por várias gerações."
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
A. H. de Oliveira Marques (23/08/1933-23/01/2007)
"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived. I did not wish to live what was not life, living is so dear; nor did I wish to practise resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms, and, if it proved to be mean, why then to get the whole and genuine meanness of it, and publish its meanness to the world; or if it were sublime, to know it by experience." -Thoreau
domingo, 21 de janeiro de 2007
Mãos de fogo
_
Mãos de fogo, olhos fora do mundo, sensibilidade à flor da pele.
-
Não se perdem sonhos...
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Deixei passar a madrugada
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
Dormir sobre o assunto
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
Medos divertidos ou como se faz uma tese em ciências humanas
-
-
Olho para o que me cerca e vejo fontes e teoria, um computador, uma chávena de café, um maço de tabaco longamente esvaziado pelo dia fora, a coragem nas ruas da amargura e sem GPS, numa fuga cobarde, alarmada pela proximidade da almofada que hoje vencerá, certamente, a batalha.
-
-
As fontes, pois que fiz o curso de História - embora a família me quisesse em Direito - são para ler com lucidez, os nossos olhos a procurar cirurgicamente, despudoradamente, o que queremos ver (sempre me irritaram historiadores pretensiosamente ou inconscientemente imparciais).
-
-
A teoria, essa, é fascinante demais, droga viciante, alucinogénio para espíritos menos sãos como o meu, com vontade de viver muitas vidas para aprender muito, desaprender tudo e construir sobre todas as grelhas encontradas, ainda assim, não sendo certamente capaz de perceber o suficiente para ter a pertinência de questionar mais que uma criança que se olha a um espelho pela primeira vez.
-
Em suma, perdoem-me o desabafo, devo confessar que fazer uma tese nunca me pareceu tão difícil. Escrevo compulsivamente e tenho problemas disciplinares, sinto-me sobrecarregada com sombras que são sonhos, flutuo entre o dever e o devir, não sei, certamente, o melhor caminho, mas continuo a caminhar. Afinal, trabalho com o conceito de diferença, estudo o conceito de diferença e não gosto de rotinas nem de rebanhos. Criar é bom, mesmo que seja ilusório. Diferir de nós, criar rupturas e questões que nos construam e arrasem. Noites de sono perdidas, olhos vermelhos de ler, tapete vermelho na farmácia quando vamos comprar ainda mais aspirinas. Vale a pena correr riscos? Sempre. E sorrio. Porque escrevo em distracção enquanto estudo. E quando não se olha tudo fica mais claro. Como na frase que me salta agora do livro que tenho aberto ao lado do teclado...
-
"It is because writing is inaugural, in the fresh sense of the word, that it is dangerous and anguishing."
-
Jacques Derrida, Writing and Difference
sábado, 13 de janeiro de 2007
Dá colinho...
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
Dia de ser alegre
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias y las definitivas
defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias y los graves diagnósticos
defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias
defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres
defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña
de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo
de los proxenetas de la risa
defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar y también
de la alegría."
Mario Benedetti
(obrigado, Tondo Rotondo, é lindo)
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
Está?
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
À espera do sol
O Mundo não se fez para pensarmos nele
Alberto Caeiro
domingo, 7 de janeiro de 2007
Poder
-
Aprendi que limitações de cariz motor ou sensorial não implicam um afastamento de determinadas áreas que parecem à partida seladas, como a informática, o teatro, a condução, o desporto, a vida afectiva.
-
Aprendi como entrar serenamente em salas de espectáculo pela porta das traseiras ou em restaurantes pela cozinha, explicando com educação o que deveria ser mudado.
-
Aprendi a compreender que um cão pode ser um amigo e um olhar, que um volante pode ser manejado com os pés, não só com as mãos.
-
Aprendi a não me revoltar ao lidar com pequenas adversidades.
-
Aprendi a compreender diferentes ritmos e formas de comunicação e vivência.
-
Aprendi que há pessoas conscientes dos seus direitos, e que os fazem valer.
-
Homens
-
e
Mulheres
-
como nós...
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
Artes e ofícios
De qualquer forma tenho a comunicar que não atendo mais telefones hoje, a minha comunicação esgotou. Não toda claro, ou não estivesse a escrever um post. Com quem comunicamos quando escrevemos um post? Em primeiro lugar connosco próprios, eu não rascunho os meus posts, escrevo directo e rápido, perdoem-me as gralhas que por aí encontrarem. Depois, com um circuito mais ou menos seguro e doce de pessoas que sabemos que nos vão ler, que lemos também por empatias diversas de interesses. Com algumas surpresas, é bom conhecer opiniões diversas e trocar contactos com quem gosta do mundo das palavras. Mas realmente é uma reflexão, além de ser uma partilha, é uma reflexão exposta a opiniões. No fundo, todos precisamos de saber que está alguém do outro lado.
Demasiada informação a processar hoje. Em fase terminal da Petição para a Acessibilidade Electrónica Portuguesa e num dia em que muito se discutiu a ética e a propriedade da ACAPO lançar igualmente uma petição a pedir formas que considero menos dignas de apoio ao emprego de pessoas portadoras de deficiência, imagino como circularia toda esta informação há uns anos atrás. Lembro-me de não haver televisão em casa dos meus pais. Lembro-me do telefone ser usado pelos adultos e em situações específicas e justificadas. Outros meios confundem-se. Podemos estar em overload de informação vezes a mais e como conseguimos processar tudo? Telefone fixo, telefone móvel, chat, msn, todos os sons do Looney Tunes actual que passaram a fazer parte dos nossos dias e fabulosamente querem dizer que alguém quer falar connosco. Tão bom seria se a aproximação ainda fosse com um abraço amigo e uma conversa franca e directa. Atingimos, porém, um ponto de não retorno, que nos baralha e segura.
Grupos de discussão, blogs, conteúdos de websites para gerir, traduções para acabar, transcrições para rever, trabalhos de casa do filho para partilhar, sinto-me a bater palmas como a Mafalda do Quino "Que lindo! Que lindo!" perante as bolhas de sabão de uma feliz ignorância das coisas mundanas.
Demasiado stress nos nossos dias. Pouco tempo para dedicar ao relevante. Pouco tempo para pensar serenamente em cada palavra lida, dita ou escrita. Pouco tempo para ouvir ou ver com atenção o que nos é dado pelos outros e pelo mundo. Corremos para quê, comunicamos sequiosamente para quê? É difícil filtrar informação. É impossível filtrar sentimentos. Talvez a solução esteja aí. Nas prioridades sentidas, nas paragens, nas rupturas, nos abraços. Mesmo online...
Ser pessoa, ofício e arte, autêntica renda de bilros.
terça-feira, 2 de janeiro de 2007
Urgente
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 1 de janeiro de 2007
Para o Pyny, com um beijo
Então, ó ser sublime, o mundo inteiro é teu!