sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Novembro que dormi

Hoje ao passarinhar por uma Lisboa em fuga, entre trânsito histérico em fuga de luzes urbanas para outros mitos de paz, pensei que estes tristes intimismos pré-natalícios me foram vedados no ano anterior. Há muitos anos não sentia a falta do cansaço e das corridas sem sentido desta época, das cores e das árvores com lâmpadas, das ruas com gente a mais e paz a menos, dos cânticos sobre um Rudolfo de nariz vermelho a pingar desgostos de futebol.

Hoje comi uma salada feliz junto a um rio que eu amo e que é evidentemente da minha cidade. Estive ao pé de mim. Voltei a dançar sobre lençóis de água e memórias reflectidas e difusas. Acho que voltei a casa, porque as enfermeiras já não riem no quarto dos fundos e a luz não é de presença. Não me fará falta o chá de camomila e o pacotinho de bolachas Maria amolecidas pela humidade, mesmo à hora dos remédios. Não ficarei a ler a luz do telemóvel debaixo dos lençóis. De alguma forma sinto que a chuva de hoje com a luzes vermelhas e azuis de Lisboa de fim-de-semana-grande e o frio que chama Dezembro e a lareira de casa dos meus pais me chamaram de volta. Em definitivo, voltei para o pé de mim.

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