Descansar, comer, dormir, serenar... Verbos desconhecidos quando a vida é uma luta, as causas uma paixão. Irrequietos seres nós, os que gostamos de viver, não sei se existem equilíbrios, eu não os tenho certamente, ou encontro-os em tudo o que faço, nos amigos que me preenchem e amam, nas palavras que leio e escrevo, nas pessoas com que trabalho, na aprendizagem que consiste em olhar simplesmente, depois de um dia cheio, para uma lua que cresce sobre o mar e faz crer que há um sentido para nos esgotarmos em ser e fazer os outros felizes. Tinha prometido descansar, só agora o posso fazer e estou a escrever para mim mesma que faz sentido ter estado acordada até agora a construir trabalhos e projectos e partilhas, enquanto fumo o último cigarro do dia e vejo o fumo subir pelo sono e sonho que se cruzam, penso no frio que me mantém acordada, nos dedos gelados que tocam nas teclas, no meu filho que acordará cedo de manhã e quererá ver o sol, no trabalho, sempre, na construção de vidas em esforço. Sorrio, inconsciente, corpo a querer cair no amanhã renovado e belo. Ao som do mar que não chega por aqui, só se vê, de uma nesga da minha janela e da minha alma.
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