Em tons de cinza estes dias que correm ágeis por entre novas rotinas e novos (des)caminhos. Em meios tons, paleta desbotada, uma tristeza mendicante, uma ânsia de ficar aqui, quente e seguro, no canto da casa. Lá fora todas as ameaças e todas as tormentas, como numa intempéride inesperada e arrebatadora. De um estado a outro se passa num segundo. O medo é poderoso e a infância regressa toda de repente por cima de cinquenta anos, desbaratando o vivido pelo viver discreto e calado dos nossos dias de hoje. É cedo. Dia de compras. Logo mais chegarão "os números". Poderemos ver com algum tom de habituação quantos compatriotas nossos morreram de ontem para hoje. Poderemos até achar que foi um bom resultado. Em que nos estamos a tornar? Que vírus é este que nos atinge no coração, mesmo que cheios de intenções e orações mas afinal "um bom resultado 6%". É péssimo, é cruel, estão famílias num luto que nem lhes é permitido. E se fosse a nossa? Tenho um amigo ventilado nos Estados Unidos. Cada dia uma luta. Cada dia mais um dia de sobrevivência. Como uma peregrinação quaresmal em busca de paz. Porque me parece que no fim de tudo isto será apenas o que quereremos, caídos do cansaço da nossa impotência.
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