Pensar nesta chuva de cidade também no campo, fechar os olhos e ver as árvores húmidas, o chão cheio de gotas com reflexos, arco-íris por todo o lado e os cães a cheirar a molhado e a brincar, felizes.
Fazer um bolo ou uma refeição mais apurada para partilhar com os mais próximos, os próximos, os que agora dividem os dias sem partição connosco, os dias inteiros e um bolo de mel, os dias interinhos e um bacalhau com natas, os dias todos do mundo e uns bifes. Que sorte temos em poder cuidar uns dos outros!
Meditar nas coisas boas das nossas vidas, acreditar - saber - que tudo o que é pesadelo passa um dia quando acordarmos e podermos voltar à rua e abraçar de novo família e amigos. Claro que os problemas do mundo - os ódios, a fome, as guerras, a poluição - continuarão por cá, mas talvez, talvez, estejamos todos mais alertas para os valores verdadeiros e mais dispostos a lutar com vontade por eles.
Acreditar muito que cada dia é uma dádiva num momento em que tantas pessoas estão doentes, em que tantas pessoas morrem, em que tantas famílias choram os seus. Acreditar que no nosso pequenino mundo das casas em que nos encontramos confinados, o importante é mesmo saber que as pessoas que amamos estão bem e que estamos a contribuir para o seu bem estar e segurança. Estamos a ser parte da solução. E há solução, provavelmente não a dos homens, mas alguma maior que o nosso entendimento que virá a seu tempo como tudo o que é grande e bom e digno de ser acreditado.
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