quarta-feira, 6 de junho de 2007

Estilhaços ou espaços?

janela de carro partida, abrindo sobre um fundo de paisagem natural verde
De balas, de vidros, de palavras, de memórias, tudo o que nos rodeia é passível de sofrer explosões ou implosões com as devidas - às vezes merecidas - consequências. Por vezes centramo-nos de mais nas explosões e estilhaços do verniz de alguma memória. Inconsequentes nós, não lhes demos mais importância que a que merece o desprezante fluir do tempo, as vãs aragens que afinal não pesam toneladas.
Inconsequentes as acções que partem, importantes as que reconstroem. A diferença entre um murro e um beijo, um pontapé e um sorriso, a palavra errada ou a palavra certa.

Pesamos sempre correctamente os estilhaços das nossas memórias? Não me parece. A maior parte das vezes caem tão rápido e cicatrizam tão depressa quanto a pouquíssima projecção que tiveram. Valorizemos antes os enormes tubos de cola que são as acções de entrega, de partilha, de solidariedade, de amor, de carinho, de atenção, de cuidados delicados, osrestauro de alma e de corpo que só quem é especial consegue.

Estilhaços colam-se? Melhor deitar fora e a janela fica de novo bonita, incólume, íntegra e mais forte. Quem parte tem mais riscos de se magoar que quem é partido. Janelas rasgadas deixam ver melhor o verde-esperança. Há tempo e espaço para tudo. Até para ser feliz.

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