terça-feira, 29 de maio de 2007

Let's call the whole thing off!


O Citizen, um blog com tomates? Claro que sim. Obrigado pelo desafio, Papagueno. A expressão é usada na linguagem corrente como sinónimo de coragem, ou melhor, daquela coragem quase inconsciente, interventiva. Um elogio, portanto, porque me identifico com essa característica, quem me conhece sabe que não gosto de me calar e que compro uma boa briga com facilidade. Não é difícil, apenas natural, sobretudo quando se entregam as 24 horas que o dia tem mais as outras que inventamos para tentar acordar, com o contributo possível, as consciências anestesiadas dos vizinhos humanos. Ora o que faz o um ser humano é a diversidade. Todos somos únicos. Todos temos características. A Mary que por aqui escreve uns disparates de vez em quando tem 1,62 e pesa 48 kg. Nasceu com os cinco sentidos activos, para além do sexto que afinal não me parece ser a intuição, mas o da justiça, que veio nos genes e em posterior convívio de 41 anos de existência.

Achei alguma piada à imagem porque nada é óbvio e as imagens que temos de um tomate (legume, entenda-se) são demasiado standard. Como de uma pessoa. Regras de ouro? Não me parece. You say tomato... Pois. Vive la différence. Passei eu os últimos dias, quando não os últimos anos, a conviver com pessoas com tantas características diferentes que se o ET me
aterrasse na garagem não lhe saberia facilmente definir um ser humano. Tem dois braços e duas pernas? Hum. Conheço quem não tenha. Tem olhos, nariz e boca? E se não tiver? Tem cinco sentidos funcionais? Ná... Tem uma capacidade cognitiva dentro de uma determinada escala? Sem ofensa mas conheço professores de ensino especial que se a têm não a utilizam.

Então o que é isso de se ser humano, o que é isso de normalidade? Sinceramente que vos digo que não sei se me interessa definir o conceito. Acho que a postura de etiquetar seres humanos, essa, sim, é patológica. Por isso, fiquemo-nos por análises de capacidades. E não falemos de divergências, mas de liberdade, evitemos o termo estranho e naturalizemos o termo diverso. Talvez porventura arriscar uma grelha de pensamento um pedacinho mais alargada que a usual, pensar que todos temos potencialidades e que elas devem ser rentabilizadas por nós mesmos, para isso precisando de condições de apoio no nosso arranque desde que chegamos ao mundo.

Afinal, nos últimos três dias conheci tantos pequeninos e grandes que têm tomates (vernáculo agora) para assumir a vida e as suas diferenças da maioria da população da sua idade, para lutar pela desmistificação de estigmas em casa, na escola, no meio laboral, que me parece valer a pena lembrá-los enquanto escrevo este post, não pensasse eu neles todo o dia.

Escreverei - até que a voz me doa - enquanto nalgum canto deste mundo alguém for injustiçado, humilhado ou menosprezado por ignorância (mãe do medo), utilizado para interesses ou promoção de outrém, que é isto de se separar a humanidade em fatias?

Mais uma vez lembro que tudo passa por comunicar, informar, aprender em conjunto. É trabalho de equipa, ou os homens esquecem-se assim tão facilmente que são família? Voltamos à questão do Esperanto e da uniformização. Dicotomia útil, o bom senso deve prevalecer nas relações humanas. Falar a mesma língua entre diferentes e em liberdade. Gosto do conceito. Parece-me que vou dedicar a minha vida a este trabalho. Terei ... ?


For we know we need each other so... Vozes da razão.

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