Queremos que o tempo corra ou que o tempo páre. Sentido inverso aos ponteiros do relógio, a minha direcção preferida. Por tudo, por quem estamos, por onde estamos, pelo que fazemos, não fizémos, gostaríamos de ter tempo de fazer. Aflita com trabalho em dias de pausa, não chego para as corridas que faço sentada, só os dedos nas teclas, os olhos a devorar ideias que logo se fixam e encaixam onde me parece fazer sentido e amanhã quem sabe se não. Hesito entre leituras que quero e leituras que devo, entre ter o corpo dócil e dominado como pregam os meus teóricos, prisão da alma, e correr por mim fora, que venha o amanhã, D. Quixote lia, não escrevia, vivia sobretudo. Revejo o filme calmo e a coordenação com a ansiedade daquelas poucas palavras e muitas procuras. Lentos os dias, lentos nós. Na medida certa, crescer ou ficar assim mesmo, crias a pedir braços, de birra com a vida, farta dos minutos, dos ponteiros, mergulho o relógio no chá de desaniversário e volto a página ou a folha de nenúfar, a espuma dos dias trará um sorriso no amanhã?
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