quarta-feira, 4 de abril de 2007

Què en penseu?

"En resolución, él se enfrascó tanto en su lectura,
que se le pasaban las noches leyendo de claro en claro,
y los días de turbio en turbio, y así,
del poco dormir y del mucho leer,
se le secó el cerebro, de manera que vino a perder el juicio.
Llenósele la fantasía de todo aquello que leía en los libros,
así de encantamientos, como de pendencias, batallas, desafíos,
heridas, requiebros, amores, tormentas y disparates imposibles,
y asentósele de tal modo en la imaginación que era verdad
toda aquella máquina de aquellas soñadas invenciones que leía,
que para él no había otra historia más cierta en el mundo."
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Já falei por aqui várias vezes de D. Quixote. Uma grande amiga chama-me assim. Gosto particularmente do livro de Cervantes, que marcou o início de uma escrita romanceada que me diz muito porque tem ricas e diversas leituras. De filmes conhecia a versão póstuma de Orson Wells. Conheço a partir de hoje Honra de Cavalaria, realizado por Albert Serra. Bom ouvir falar catalão e ver belíssima fotografia de quem entendeu a filosofia do sonhador (haverá filósofos ou sonhadores que saibam de que lado nasce o sol?). Bons os diálogos, nem a mais nem a menos, incisivos, como o é a mente de quem amava perder a vida nas suas estantes até ao céu, lutava contra gigantes e só pedia aos amigos confiança. "Confias em mim?". Boa pergunta. Acabou enjaulado como todos os que se apontam como loucos ou inconscientes. Não me parece que se tenha arrependido de ler ou pensar demais. Nem de confiar, mesmo sabendo que a realidade pode não estar no horizonte visível mas no sonhado. Está com certeza. Talvez fosse mesmo louco. Talvez o seja eu.
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Como diria o meu amigo catalão, què en penseu?

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