terça-feira, 3 de abril de 2007

Mergulhar em Abril

Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar.
-
Sophia de Mello Breyner
-
Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.
Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:
El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidos
en un único deseo:
Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.
Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.
-
Alejandro Amenábar
-
Poetas de nós, no nosso elemento apenas nos encontramos, a felicidade gigante a rir-se do mundo que nos escorre imperceptível. Aprendi a nadar na Ericeira, sob o olhar azul e atento do Senhor António, somos um com a natureza, a nossa natureza é única, da água vimos, não do pó. Por cada onda que vem, o medo foge com ela, nós presos talvez nas algas que arrepiam como tudo o que se não conhece, antes de estarmos completos. Sôfregos de água como do ar, como do amor, como dos elementos que inventamos para nos elevar acima dos dias que correm e olhar só a lua despida e clara quando o vento ainda frio de Abril nos congela o cabelo encharcado, o corpo doce e dorido como num sorriso complacente que escorrega e molda a vida enquanto é, mar adentro, mar adentro, ciclos doces afinal. Salvam-se as almas de palavras a mais ou a menos, embala o rugido de um pai que brinca com o nós mesmo que somos só na água. Maré intensa, que a lua sorri, como não estar feliz em Abril e sempre? Saber e sabor a tudo, os campos estão da cor do limão, a água rega como música e nascemos de novo, peixes arraçados de gente, voltando à casa mãe. Boa noite. Se forem a tempo ainda verão a lua das janelas. Lá, também deve haver água. Porque sorriria, então?

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