segunda-feira, 30 de abril de 2007

Ser

Ser feliz é um mar de coisas simples como camisas rasgadas no pátio da escola e sumos entornados e às vezes o caldo também. Ser feliz é rir porque apetece e chorar quando se deve. Ser feliz é ser autêntico, beijar a tempo, acolher, dar-se, entregar a alma e o corpo, estar sujo em fim de dia, de calças de ganga e ténis-que-foram-brancos e sentirmo-nos a pessoa mais bonita do mundo só porque num minuto o mundo é nosso. Ser feliz é perder-se nos caminhos e chegar sempre onde se quer, numa revoada de olhares. Ser feliz é estar sempre a tempo e nunca ter horas, correr e virar a mesa, desconstruir valores porque outros se levantam com toda a força, agarrar com garras todos os raios de sol, sem excepção, soprar as nuvens cinzentas, ser inconsciente, soltar o grito que os tristes guardam e nós, os das flores, libertamos. Ser feliz é escrever porque se quer o que se quer e ser livre nas palavras e nos actos e nos desejos e nos pensamentos e viver sem medida e sem conta por todos os que estão e valem a pena leve do sorriso que se abre mesmo a tempo, que Abril chegou ao fim. Ser. Até que a morte nos separe.

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