sábado, 7 de outubro de 2006

Volver - uma ordem


A vida é feita de regressos, felizmente a sorrisos, quando caminhamos o suficiente e acreditamos. Para os mais incrédulos, basta ir ao cinema (pode ser o Londres, sem pipocas). Por conselho amigo fui, e muito bem acompanhada, com outros amigos, um deles cinéfilo aprendiz. Para primeira aproximação a Almodovar nada melhor que Volver, mesmo com 12 anos, sobretudo com 12 anos (considerando o elenco).

Sorrir com a morte, encarar a diferença mínima que separa o real do imaginário - os parques eólicos, são moinhos, são moinhos, são gigantes, são gigantes, certo? - entrar no vermelho e no feminino, coisas de mulher, espanha e música, pensar em problemas eternos do género como o assédio e a violência, a morte, o assassínio, a justiça, a capacidade de resolver, basta um jeito na camisola, uma saia justa e um acertar de cabelo despenteado e sensual. Uma canção, uma lágrima, um abraço. Coisas de mulher.

Coisas de Almodovar, simplesmente fabuloso, senti neste filme o que sempre senti com Hitchcock: a leveza de nos deixarmos manipular docemente, inevitavelmente, supreendidos no sorriso de uma entrega amorosa, levados no que deve ser um bom filme, em que tudo entra como música e nos percorre e transporta de forma brilhante.

Com um sorriso no final, Volver, descendo ao sério. À realidade. Ao que queremos. Ao que desejamos que seja. À sanidade da cabeça de um génio que nos ajuda a compreender melhor o mundo louco e nos descomprime, num eterno ataque de nervos e subtilezas.

Diverte de forma séria. Recomenda-se, sem limite de idades, géneros ou sensibilidades.

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