Quando me perguntam a profissão nunca é linear a resposta, fico mesmo atrapalhada, atabalhoada, sem saber o que responder. Ultimamente tenho-me questionado demais sobre o facto, ontem fui confrontada com ele. Recorri a um dos meus mestres...
"Universitária ou não, a história (como qualquer discurso especializado em
busca de notoriedade social) defronta-se sempre com o mesmo problema: o do
trânsito entre o escritório, como lugar de producão, e a rua, como lugar de
recepcão."
Historiadores, meninos de rua, de hoje. Meninos de rua, hoje, a fazer História. Bloqueios, intermediários, imaginários, dispersão, compromissos.
"Em relacão a outros saberes (a física, a economia ou a sociologia), ninguém lhes pede que sejam acessíveis. Que o peçam à história, não deixa de ser significativo do imaginário público que dela
se tem. Ou seja, o imaginário de que "de médico, de historiador (acrescento eu) e de louco, toda a gente tem um pouco".
Como na educação, todos opinamos, colocamos bandeiras à janela nos jogos certos ou errados, sabemos o hino, queremos que as crianças saibam as datas de nascimento e morte dos reis (nunca dos presidentes da República Portuguesa, porquê?). Toda uma sociedade procupada com raízes sem ver onde põe os pés no passo seguinte. Vivemos de imaginários? É uma opção. Tudo não passa de um castelo de cartas.
"Contra o que muitos pensam, a questão não esta no patriotismo ou na falta dele. Está antes no modo como se entende o amor das coisas portuguesas. Ou seja, na capacidade ou não de aceitar que o objecto amado tem claros e escuros, que o amante - neste, como noutros amores - tem que assumir e aceitar."
Sentir e viver a História que nos foi dada e que vivemos, a que fazemos e pela qual somos responsáveis. A História é a nossa Rosa. Cuidamos dela numa redoma, temos cuidados particulares e positivistas com qualquer espirro e sobretudo - sobretudo - defendemo-la como amantes. Historiadores que brincam com a realidade acontecida e com o porvir, compondo, ajeitando, fazendo encaixar as peças. Público que aceita embevecido as explicações convenientes. Pais que necessitam da História para encaixar a prole numa estrutura de valores, mesmo que não saibam quais. A História deveria ser feita de opções de futuro. Será?
Obrigado à generosidade de António Manuel Hespanha ao divulgar trabalhos seus em: http://www.hespanha.net/
"Universitária ou não, a história (como qualquer discurso especializado em
busca de notoriedade social) defronta-se sempre com o mesmo problema: o do
trânsito entre o escritório, como lugar de producão, e a rua, como lugar de
recepcão."
Historiadores, meninos de rua, de hoje. Meninos de rua, hoje, a fazer História. Bloqueios, intermediários, imaginários, dispersão, compromissos.
"Em relacão a outros saberes (a física, a economia ou a sociologia), ninguém lhes pede que sejam acessíveis. Que o peçam à história, não deixa de ser significativo do imaginário público que dela
se tem. Ou seja, o imaginário de que "de médico, de historiador (acrescento eu) e de louco, toda a gente tem um pouco".
Como na educação, todos opinamos, colocamos bandeiras à janela nos jogos certos ou errados, sabemos o hino, queremos que as crianças saibam as datas de nascimento e morte dos reis (nunca dos presidentes da República Portuguesa, porquê?). Toda uma sociedade procupada com raízes sem ver onde põe os pés no passo seguinte. Vivemos de imaginários? É uma opção. Tudo não passa de um castelo de cartas.
"Contra o que muitos pensam, a questão não esta no patriotismo ou na falta dele. Está antes no modo como se entende o amor das coisas portuguesas. Ou seja, na capacidade ou não de aceitar que o objecto amado tem claros e escuros, que o amante - neste, como noutros amores - tem que assumir e aceitar."
Sentir e viver a História que nos foi dada e que vivemos, a que fazemos e pela qual somos responsáveis. A História é a nossa Rosa. Cuidamos dela numa redoma, temos cuidados particulares e positivistas com qualquer espirro e sobretudo - sobretudo - defendemo-la como amantes. Historiadores que brincam com a realidade acontecida e com o porvir, compondo, ajeitando, fazendo encaixar as peças. Público que aceita embevecido as explicações convenientes. Pais que necessitam da História para encaixar a prole numa estrutura de valores, mesmo que não saibam quais. A História deveria ser feita de opções de futuro. Será?
Obrigado à generosidade de António Manuel Hespanha ao divulgar trabalhos seus em: http://www.hespanha.net/
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