sexta-feira, 28 de julho de 2006

Sinais de Fogo

"Para a verdade caminham corpos que a não conhecem
ou a conhecem apenas de nome trocado.
Assim desliza o vento pelas estradas humanas
entre a voz das searas ondulando nele."

Jorge de Sena permitiu-me ler um romance fantástico sobre crescimento, sobre sentimentos, sobre preconceitos, sobre juventude, sobre mim e todos nós. Sinais de Fogo tem sempre algo de novo, sabe a memória, é agressivo e doloroso, é desajustado como a roupa que não serve mais ou que passou do irmão mais velho, ou da geração de cima.

Crescer é difícil - ultimamente vemos crianças armadas a mais - em crescidos mais ainda porque nos deixámos esquecer ou lembramos só as quedas e levemente as descobertas. As memórias são sempre difusas e descontroladas, vem à minha agora A Misteriosa Chama da Rainha Loana. Não ter infância é terrível. Ter tido e perdê-la igualmente duro. Os homens precisam de raízes bem fundas e bem sólidas, precisam de parar e reflectir e perceber. Cicatrizar as dores, saborear os desejos, regar os sorrisos. Como num deserto, crianças que deixam armas e brincam em paz, entre a certeza permitida pelo Olimpo e a inconstância do mundo dos homens, que são necessárias para empurrar o futuro para bom porto.

A vida não é em linha recta. As memórias e os crescimentos, as iniciações, as incorporações do real passam por ferros: Fogo e Chama, palavras usadas por dois homens que falam de memórias.

Também o vermelho ardente pode ser esperança, também a Fénix renasce das cinzas.

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