-"I would like to discuss whether time itself has a beginning, and whether it will have an end."
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"Um título é parte integral de uma história. Porque não? No fim de tudo, a vida não é uma resposta. restam ambiguidades. Resta o espaço para a dúvida." Isaac Asimov, Mensagens do Futuro.
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"E a cidade cá está para o entreter
Indiferente e fria, disposta a esquecer
Que a ansiedade é um minotauro
Que se alimenta de solidão
E que a ternura é uma bruxa
Que faz milagres
Se a mente a deixar ser..."
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Reflexões em Strings, Escher, Voando Sobre um Ninho de Cucos e Jorge Palma. Não tem que fazer sentido. Podemos traçar linhas coerentes dentro do caos, nós, os habitantes das margens. E sobreviver.

"Solta o cabelo, rapariga,
pois o riso não espera
e o resto não importa"
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A editora Relógio d'Água tem destas coisas. O resto não importa. Apostar em projectos arrojados, soltar o cabelo, que o riso não espera. José Miguel Silva poetou cinema, em título que se descobre no interior de uma capa sóbria, onde tudo está arrumado menos as palavras soltas. Os filmes escolhidos e os sentimentos semeados levam-nos a crer que a poesia é a única forma de expressão para comentar cinema. Muito bonito, em dias em que precisamos de crer em coisas belas e soltar os cabelos e a vida. Sobretudo, de nos reconciliarmos com as palavras.


Pensei não voltar aqui até passarem estes dias tão estranhos. Mas a tentativa de vivência normal torna-se frustrada demais, a alegria forjada cerca-nos, multidões carregam o que querem e o que nunca irão olhar duas vezes, amam por obrigação do poder de compra ou de crédito, enquanto, num desespero de procura de sossego, tento tomar um café e ler o jornal, tento olhar o céu demasiado azul e demasiado sorridente, esquecer o frio que corta, que me gela as mãos enquanto acendo um cigarro caído no fundo da mala dos sonhos, que os sonhos nestes dias são outros.

Numa, apenas uma, cortante, intensa, que acorde e tire os pássaros da memória, arranque o conforto do silêncio. Uma palavra única, quando o corpo pára, quando de dentro vem o grito que se não solta, inconformado. Uma palavra apenas num olhar, num toque, num cântico, num frio que passa e que dói, no tempo que já não é. Uma palavra que cai aos pés do desânimo no poço mais fundo de nós, no tronco mais escuro da árvore que se abraça porque mais ninguém perto. Uma palavra repetida e oca, vazia de tudo, uma falta, alguém que se perdeu pelo caminho de todos. Uma dúvida. Uma paixão. Um medo. Uma vida. Como um fio que ata o que se não disse e o que se não quis ouvir. Talvez uma ponte.
Há oito anos foi desencadeado um movimento sobre a primeira petição electrónica no nosso país – a petição pela acessibilidade da Internet portuguesa -, que deu origem à Resolução do Conselho de Ministros nº 97/99, de 26 de Agosto, estabelecendo regras relativas à acessibilidade pelos cidadãos com necessidades especiais aos conteúdos de organismos públicos na Internet.

Descansar, comer, dormir, serenar... Verbos desconhecidos quando a vida é uma luta, as causas uma paixão. Irrequietos seres nós, os que gostamos de viver, não sei se existem equilíbrios, eu não os tenho certamente, ou encontro-os em tudo o que faço, nos amigos que me preenchem e amam, nas palavras que leio e escrevo, nas pessoas com que trabalho, na aprendizagem que consiste em olhar simplesmente, depois de um dia cheio, para uma lua que cresce sobre o mar e faz crer que há um sentido para nos esgotarmos em ser e fazer os outros felizes. Tinha prometido descansar, só agora o posso fazer e estou a escrever para mim mesma que faz sentido ter estado acordada até agora a construir trabalhos e projectos e partilhas, enquanto fumo o último cigarro do dia e vejo o fumo subir pelo sono e sonho que se cruzam, penso no frio que me mantém acordada, nos dedos gelados que tocam nas teclas, no meu filho que acordará cedo de manhã e quererá ver o sol, no trabalho, sempre, na construção de vidas em esforço. Sorrio, inconsciente, corpo a querer cair no amanhã renovado e belo. Ao som do mar que não chega por aqui, só se vê, de uma nesga da minha janela e da minha alma.




Cadavre Exquis
Afinal...

[post escrito em estado letárgico, vivam os portáteis com ligações wireless, tenho uma otite à venda e muito trabalho à espera; o bom humor deve provir do cocktail de antibiótico, aspirina e afins que se destinam a tornar-me novamente um membro útil da sociedade]


Desastrada, distraída, incompetente, este post devia ter entrado uma hora antes, fazemos de conta, sim?, que é dia 7 de Novembro ainda e festejamos o aniversário da minha amiga Susana, das pessoas mais bonitas que conheço. É difícil falar de amigos - dá sempre muito mais jeito falar de inimigos, podemos usar lugares comuns, expressões tradicionais, vernáculo. Falar de amigos é muito complicado, mas como a Susana é psicóloga, vai-me perceber bem. Ela sabe que eu sou um bocadinho criança. Por isso gosto do seu colo de amiga, do seu amparo. Claro, sabe também que a acho uma mulher muito inteligente (é psicóloga, convém falar de inteligência emocional por aqui...). Sabe que lhe agradeço tudo o que me ensina em cada dia. Que lembro, hoje (dia 7, dia 7) as aulas, os projectos, a orientação, os risos, as brincadeiras, os desabafos. Porque, realmente, adoro falar nos meus amigos, a minha família, a minha alegria. Com a Susana nunca temos que estar bem ou mal, podemos estar. Se precisarmos de um ombro contamos com ela, se precisarmos de uma companhia, de uma voz, de um sorriso, é a ela também que nos devemos dirigir. Quando estou triste ou sobrecarregada entra um mail giro para descomprimir, um telefonema, uma chamada de ordem: "quando tomamos café?", para a semana, sim?, ou a versão mais tradicional do "já almoçaste?" "tens dormido?" (variações dum mesmo tema, tens cuidado com os teus pintaínhos). Na altura certa, sempre - nunca sei como sabes, miúda. Tanto que corremos sem chegar a lado nenhum, és sempre calma. Tanto que nos queixamos e lamuriamos, estás sempre disposta a ouvir, paciência infinita, minha querida amiga. Sabes viver, és feliz, és lutadora. Quem diria, surpreendente Susana, que a menina tímida que me apresentaram um dia (o folheto da EPAL, lembras-te?) e com quem trabalhei e aprendi tantas coisas, tinha uns alicerces que suportam o mundo e mais meia dúzia de amigos. Que tenhas um ano muito feliz, a vida é para celebrar. E tu, minha amiga, irmãzinha, mereces tudo!



[Nunca se deviam tomar caminhos não escolhidos. ]
[Nunca se devia reflectir com ampulheta na alma e arma ao ombro.]




