sexta-feira, 28 de março de 2008

A brincar, a brincar...

Tetris é um jogo electrónico clássico, criado nos anos 80 por Alexey Pajitnov. Esta adaptação foi criada por Guillaume Reymond, com a colaboração de todos os píxeis nomeados na ficha técnica. Esforcem-se por não levar a metáfora muito a sério, eu ainda estou a tentar...

(tu, tu, tu, tu, tu, ru, tu...)

quarta-feira, 26 de março de 2008

A cena do telemóvel

“As coisas da educação discutem-se, quase sempre, a partir das mesmas dicotomias, das mesmas oposições, dos mesmos argumentos. Anos e anos a fio. Banalidades. Palavras gastas. Irritantemente óbvias, mas sempre repetidas como se fossem novidade. Uns anunciam o paraíso, outros o caos – a educação das novas gerações é sempre pior do que a nossa. Será?! Muitas convicções e opiniões. Pouco estudo e quase nenhuma investigação. A certeza de conhecer e de possuir “a solução” é o caminho mais curto para a ignorância. E não se pode acabar com isto? (…) Precisa-se, neste “tempo detergente”, de um pacto de silêncio, de uma pausa que permita ver para além da poeira dos dias que correm. Pensar exige tranquilidade, persistência, seriedade, exigência, método, ciência.”


António Nóvoa, Evidentemente, Edições ASA.

É fácil comentar o que se não conhece, investir no culto dos detalhes sórdidos e não em reflexões humildes. Nos últimos dias tenho lido tantos disparates... E, no entanto, o sistema educativo do nosso país bem precisa de cuidados e não de apedrejamento público.

Gostaria de não ter lido tantos auto-elogios de demasiados professores, cheios de soluções, cheios de certezas. Gostaria de não ter lido tantos comentários de pais perfeitos, criticando a escola e os filhos dos outros. Gostaria de não ter lido tantos comentários públicos em demarcação do problema, que é um problema social grave e da responsabilidade de todos.

Talvez mais que julgar possamos actuar, porque julgo que só assim seremos cidadãos participantes (na medida em que nos assumimos como responsáveis a 100% pelos problemas que surgem e pela orientação das soluções).

O problema estará na aluna, no telemóvel, na professora ou na gabardina dela? Não sei. Sei que certamente há um problema em que ninguém fala, que consiste neste julgamento de massas, aparentemente imunes a problemas, aparentemente deuses, aparentemente na posse de todos os dados sobre este caso concreto e mesmo - quem sabe - na posse de anos de estudo e observação do nosso sistema de educação. Tantos especialistas temos e tão poucas medidas tomamos... Haja consciência e sentido cívico, a começar por baixarmos a vergonhosa taxa de abstenção das eleições desta República, começando a exercer, um pouco, os deveres mínimos de participação, em vez de produzir telenovelas marginais que distraem os mais incautos dos verdadeiros problemas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Of mistery and imagination


Fantástica imaginação, a do papá de Horton, Dr. Seuss. E calham sempre bem umas polémicas para estudarmos um pouco melhor as mensagens que recebemos. Publicidade ou doutrina? Pacífico, se as recebermos atentos. Afinal, há publicidade e doutrina em toda a informação que nos invade diariamente. Não sei se chegámos a um estádio civilizacional demasiado perverso. Apenas temos que ter cuidado com a nossa identidade. E não ter medo de receber a ternura de um boneco com a mesma dignidade e cuidado que dedicamos a um discurso de estado. Informação molda, mesmo que desenhada e colorida...

terça-feira, 18 de março de 2008

Com um sorriso

Este senhor



brinca com papel



para alguém sentir



e acreditar...


D. Pedro...

"...só não chorou uma vez
quando beijou a chorar
a raínha Dona Inês."



António José Forte
Uma Rosa na Tromba de Um Elefante
Parceria António Maria Pereira, 2001.

sexta-feira, 14 de março de 2008

terça-feira, 11 de março de 2008

Antes de amanhã

— "Dorme: se os pesares
Repousares,
Vês? — por estes ares
Vamos rir;
Mortas, não; festivas,
E lascivas,
Somos — horas vivas
De dormir. —"

Machado de Assis


Calo o sono que me aconselham e endoideço as palavras que me cercam como folhas soltas num monte em que devia repousar. Quem pintou onde me encontro? Tinta de cansaços, sem cheiro, tarda a manhã e vigílias são glórias ocultas. Quem sabe um raio de sol para espantar o escuro e os olhos rejeitados. Quem sabe um espelho onde a luz fraca deixe de ser artificial e aconteça. Não me parece a boa disposição no dia que ainda não foi parido. Julgo que mais um cinismo de deixar fluir as horas acontecidas contra os ponteiros, afinal no hemisfério norte a água esvai-se na direcção de sempre, os nós de gente passiva dormem e eu escrevo contra mim.
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Espero o futuro num banco de jardim sem que os pés toquem o chão, esperamos o futuro sempre em forma de crisálidas, esperaremos o acontecido virando a cabeça na estrada até doer?

quarta-feira, 5 de março de 2008

O sim, o não e o talvez

Dizemos sim quando cedemos ou quando optamos? Dizer não é geralmente assumido como uma força revelada. Não quero, não vou, não faço, não gosto. Sim não se usa na frase. "Sim, quero" tem uma horrível vírgula a separar as palavras. Como se o sim fosse um senhor pequenino e magrinho que se chama quando não há nada a fazer e lá temos que anuir a qualquer desgraça que adiámos enquanto fomos personalidade. A vírgula é uma hesitação coxa que mostra desgraçadamente que pensámos ser ou proceder de outro modo mas lá tivémos que nos deixar ir. É feia, estragada e separa o que deve fluir. Não gosto de vírgulas, que são, além de mais, adiamentos. Gosto de palavras coordenadas, que se dizem com força e que se aliam nas frases como cada um de nós gosta. O Não pinta-se em mensagens grafitadas de protesto e usa-se em marchas e greves (o operário disse não, não retorceu Vinícius o idealismo como Régio que só sabia que não ia por ali, o que será mais para o lado do "talvez já decida mas por enquanto quero guardar apenas o direito de opção").

Não (não me parece). Nada de Talvez.

Gosto de decisões positivas e assumidas, das que acordam de manhã e bebem uma chávena de café caseiro sem açúcar frente a uma janela de opções aberta sobre o sol que se levanta e escolhem no fresco e húmido da manhã que nasce qual é o seu sim. Gosto de respostas directas e francas e rápidas, não como cedências, mas como escolhas, não seremos tão influenciáveis que percamos a nossa liberdade se ouvirmos opiniões ou sugestões. O sim está na resposta e cada um só diz o que quer. Claro que há condicionantes, mas a liberdade corre mesmo por aí, por esse caminho bem escuro que se chama presente e que é uma linha tão ténue que a confundimos com o acontecido e o desejo. Possivelmente o presente devia-se chamar vontade. É o curto espaço em que nos deixam remar e depois outra corrente e outros ventos.

O Não reprova algo que já existe ou já foi verbalizado. O Sim pode ser um passo no desconhecido. É belo o direito de opinião sobre o existente mas é preciso grande coragem para propor o que poderá existir. Ser cidadão é poder criar alguma pedras da nossa cidade, ler todos os desafios e responder-lhe com alternativas, actuar em vez de observar.

Talvez o Sim seja um Não com conteúdo para além da negação.

Sim a tudo.

sábado, 1 de março de 2008

Os dias matam



Encontro esta imagem por azar - galicizemos - quando termino mais uma leitura de L'Écume des Jours. Boris Vian no seu melhor e eu continuo ratinho suicida. Apesar de tudo, gosto de nenúfares. Gostarão eles de mim?