domingo, 10 de setembro de 2006

1914

"Um círculo é uma recta de raio infinito", assim mesmo, em círculo, citei já esta frase, ensinamento de matemático, geógrafo e filósofo, criador portanto, no meu caso criativo.

Em 1914 nascia em Montemor-o-Novo um filho de amores de Romeu e Julieta, que se apaixonaria 38 anos depois por uma Margarida. Apaixonado também pela terra e pelas estrelas, olhos verdes e silêncios longos, espírito observador, leitor compulsivo, atento ao mundo e tão fora dele (tão fora do tempo, Pai...), mãos fortes e doces, a encaminhar o seu rebanho de forma sempre sábia, com a doçura que ainda encontro quando me sento ao seu colo.

1914 foi um ano cheio de pessoas a nascerem, a morrerem, a fazerem guerras, pelos vistos a fazerem amor também. Lembra-se do século XX como poucas pessoas, mais ou menos assim:



1914 foi o ano em que nasceu Alberto Caeiro, nem de propósito, dois guardadores de rebanhos, a um deles, de 1914, ano tão importante da vida que ainda não era minha (ou já seria?) devo vida toda, alma toda, amor completo:

"O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de, vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo..."

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