terça-feira, 26 de setembro de 2006

Paisagens


Estamos no meio da cidade, ou nos arrabaldes urbanos, cinzentos, onde dormimos, mas tão perto da beleza que esquecemos vezes a mais... É de noite e não faz sentido, mas não há horas para amar recordações. Fui pela primeira vez à Lagoa Azul numa visita de estudo da minha escola, onde agora estuda uma sobrinha minha, porque o tempo esculpe continuidades. As dimensões do belo e da descoberta mudam tanto quando se é criança ou adolescente, quando se passa ou não dessas idades que são, realmente, estados de espírito. É bom encharcar os olhos na beleza sem horas, nos reflexos que baralham e espantam, nos espelhos de água em que crescemos sem dar por isso e nos tornamos mais altos, não necessariamente mais adultos. Elogios da infância enquanto estado, o regressar sempre a onde estamos bem, mesmo que por acaso. Sair da rotina e caminhar sem destino para reencontrarmos e recriarmos, dentro de nós, as descobertas, reflectir outras vidas, outras dimensões de nós.

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