quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Um pedaço de mar


Há presentes que soam a beijo e a mar, com sabor a sal e a amizade forte. Não tive férias este ano, por razões diversas de ordem pessoal e profissional. Tive, no entanto, a sorte enorme de ter a alma de férias, bem tratada, por amigos novos e valiosos como pérolas, hoje, a felicidade de receber um envelope com conchas apanhadas na praia, "um pedaço de mar", que já tinha ouvido ao telefone, em fundo, junto da voz que dava notícias.

Não se intervem só na vida pública, intervem-se sobretudo - cada vez mais penso isso - nos gestos de ternura e pequenas/grandes atenções e doçuras que temos para com quem está - ou não - ao nosso lado, pensar em quem não está, em quem não pode, em quem não vai. Acarinhar e dar carinho de volta, dar e receber, partilhar o mar e os seus pedaços, em rasto de amizade, caminhos de ser gente, ofertas do coração que não se sabem agradecer e nos deixam mudos, até porque o sal que veio nas conchas encheu-me o olhar e, pensando melhor, vale a pena não ter férias e tomar banho de sorrisos e mimos, de sensibilidade e sabedoria.

Gestos de amor e humanidade, hoje para mim, já não estou cansada de repente porque tenho conchas da praia onde não estive e me banhei nas ondas pela mão de um amigo.

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