sábado, 9 de setembro de 2006

Onde há fumo...


À laia de justificação, um post sobre o fogo, o que arde sem se ver e o que não nos faz tão bem, mas faz falta, quando a vontade não é muita para tomarmos conta de nós. Outros fumos vi há pouco, de fogos de outros tempos, num belíssimo cenário (são precisos cenários? afinal o mundo é um palco, já dizia quem disso fez a sua vida e herança). Não sei todos nós somos actores, provavelmente sim, mas os de hoje eram dos artistas que trabalham. Há dois tipos de artistas, os que se inspiram com ar intelectual, JL arremessado em gesto devidamente estudado para uma mesa de café, ar preocupado com o nada em que vivem, subsídios a entrar pela gaveta para produções nulas porque falta - quase sempre - a inspiração. Outro tipo de artistas são os que se inspiram no trabalho, esses, hoje, em franco cansaço, nem sempre o suor e o empenho são aplaudidos. Mas, quem olhe e veja, vê o trabalho cuidado, preparado, profissional. Sente as dificuldades e o espírito de grupo que forma a alma de quem não desiste. Viriato morto à traição, numa noite limpa - a chuva foi só ameaça, os casacos pesaram - no castelo de Almourol, tochas ardentes e fumo na noite, um pêssego doce da mesa da boda, muitos sons (comboios, patos, pássaros, água, cavalos, armas, vozes). Não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho? Claro, às vezes nem ao dito cigarro, fumo sem fogo, ou fogo adiado.

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