quinta-feira, 30 de abril de 2020

Eficiência.

Tornamo-nos eficientes. Levantar cedo, compras, lavar embalagens, guardar, lavar sacos de compras, mudar de roupa, desinfectar, fazer almoço, lavar a casa, mudar as camas, almoçar e de repente já estamos ao computador a trabalhar. Não há distrações. Eficientes, sobrevivemos ao isolamento. Duas encomendas entregues hoje, recorremos mais a entregas do exterior. Cada cumprimento de um estranho é uma alegria, como se fosse tudo mentira, como se estivéssemos num mundo dito normal, se alguma vez terá sido normal o nosso mundo ou talvez - talvez - vivêssemos todos uma enorme mentira, um gigantesco conto de fadas em que, benevolentes, acreditássemos só para sobreviver mentalmente ao mundo injusto e terrível em que a poluição, a pobreza, as tiranias, os maus-tratos, invadem casas, países. E agora? Parece que tudo em suspenso mas certamente não. Podemos sem dúvida rezar para que tudo passe e para que tudo melhore, para que todos melhoremos. Mas para sobreviver vamos ter que partir do princípio que o mundo não é cor-de-rosa, nunca foi e talvez, depois desta experiência, nunca mais o seja aos nossos olhos que já viram, de longe, demais.

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