quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Autopsicobiografia

"E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm."

Sem fingimentos nem falsas dores, quando nasceu o meu primeiro filho escrevi poesia durante dois meses. Há deslumbramentos assim, deixemo-nos levar por eles. Releio hoje com ternura a inocência dos meus sentimentos de há doze anos, e a fraca qualidade do que encontro é compensada pela verdade de tudo o que escrevi. As palavras são importantes quando se cruzam com os sentimentos, fundamentais quando a explosão é física, como quando se ama, como quando se dá vida (daremos vida?). Mistérios demasiado latos, "é tão misterioso o país das lágrimas". Sobretudo vale a pena acreditar na felicidade. Ou esperar entre idas e vindas, criatura atarefada, nem sempre nos toca, mas afortunados os que aguardam, mesmo entre lágrimas, por ser cativados.

"Foi então que apareceu a raposa".

(os autores são óbvios, entraram no nosso imaginário colectivo felizmente, abstenho-me de os comentar, só os admiro; como admiro o nascer do sol, daqui a umas horas, presente porque o sei, futuro porque o desejo)

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