quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Dessins d'écrivains

Fabuloso, éditions du Chêne, livro a saber a livro, não é a primeira vez que dele falo, porque tem as características doces dos livros recorrentes, os que se apanham na estante quando precisamos de uma palavra, de uma companhia, de um qualquer sentir. Livros para usufruir, materiais - cheiro, toque e cor - e imateriais - sonho, compreensão, devaneio. A palavra e a imagem, neste caso, como em tantos, para sorver da persistência de um coleccionador de beleza, empenhado em reconstruir imaginários e trabalhos visuais de quem, muito bem, sempre escreveu. Por acaso, como tantas coisas que a vida traz quando lhe deixamos abertos caminhos...
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"Collectionner des dessins d'écrivains? Pendant des années, cette douce manie, cet infantillage ont fait sourire. Il y a toujours un peu de condescendance dans ce genre de sourire." Pierre Belfond (o responsável por este sonho, sonho de pessoa, sem medo de ser criança, fossemos todos assim, veríamos mais jibóias e menos chapéus)
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Associar desenhos (veja-se o da capa, de George Sand), a palavras, como as que seguem, de Charles Baudelaire, é arrojado, no mínimo. Até porque os autores não publicitaram esses seus devaneios, foram sendo recolhidos por Belfond como folhas soltas de um Outono belo que passou na sua vida, acabaram por se tornar terra fértil para quem tenha alma para apreciar. E vale a pena:
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"Tu contiens dans ton oeil le couchant et l'aurore;
Tu répands des parfums comme um ciel orageux;
Tes baisers sont um philtre et ta bouche une amphore
Qui fait le héros lâche et l'enfant courageux"
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Les Fleurs du Mal, 1857

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